Blog do Daka

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Metsul faz advertência por chuva extrema e tempo severo no Sul do Brasil

Por Professor Eugênio Hackbart, METSUL – http://www.metsul.com

A MetSul Meteorologia adverte sobre um cenário de alto risco aqui no Sul do Brasil nos próximos dias com temporais e chuva extrema em algumas regiões. A instabilidade voltou a ser intensa nas últimas horas sobre pontos dos estados de Santa Catarina e do Paraná com a formação rápida de um CCM (Complexo Convectivo de Mesoescala) e se manterá na parte meridional do Brasil, pelo menos, até a metade da semana que vem com alguns intervalos de melhoria. Há modelos numéricos globais indicando que o tempo poderia firmar no decorrer da terça-feira no Rio Grande do Sul, mas outros projetam chuva até a próxima quinta-feira na Metade Norte gaúcha por conta de frente semi-estacionária entre o Norte/Nordeste do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e o Oeste do Paraná. Volumes extremos a extraordinários de chuva são esperados no períodos dos próximos cinco a sete dias em parte do Sul do Brasil. Os mapas abaixo trazem a projeção de chuva para uma semana do modelo Brasileiro Cosmos/Inmet que está em pleno acordo com as projeções de outros modelos internacionais, exceto o do norte-americano GFS que concentra a chuva mais extrema quase totalmente no Paraná.

No caso aqui do Rio Grande do Sul, preocupa muito o cenário indicados pelos modelos de chuva excessiva na divisa com Santa Catarina, exatamente na bacia do Rio Uruguai. Modelo europeu projeta 200 mm a 300 mm em 7 dias no Médio e Alto Uruguai. Outros modelos prevêem 100 a 200 mm. Alguns dos modelos consultados não limitam a chuva excessiva à divisa com Santa Catarina, mas projetam também a possibilidade de áreas mais ao Sul da Metade Norte como a Serra, os vales e a Grande Porto Alegre, também terem muita chuva. Por isso, outros rios que cortam a Metade Norte, além do Rio Uruguai, igualmente exigirão atenção ante a possibilidade de cheias. No caso do Uruguai, o quadro é de muito alto risco e mesmo uma cheia de maiores proporções não pode ser afastada. A situação exige muita atenção ainda em Santa Catarina, especialmente no Meio-Oeste e o Oeste, e no Paraná. Estas regiões igualmente devem ter chuva extrema. Modelo europeu chega a projetar 300 mm a 400 mm para o Sudoeste do Paraná, nas áreas de Pato Branco, Francisco Beltrão, Foz do Iguaçu, Medianeira e outras cidades). Crucial, entretanto, não se fixar em projeções nominais de volumes ante a grande variabilidade natural da chuva, mas na perspectiva de precipitações excessivas e muito acima da média. Atente abaixo no mapa para as impressionantes anomalias de chuva nos próximos dias no Sul do Brasil, com base na projeção do modelo GFS. Além de cheias de rios, podem ser esperados problemas como alagamentos, inundações, queda de barreiras e possivelmente bloqueios de algumas rodovias. Áreas de encostas exigirão monitoramento ante a ameaça elevada de deslizamentos de terra.

Corrente de jato (vento) em baixos níveis trará ar quente e vai gerar risco de temporais de vento forte e granizo no Sul do Brasil. O “jato” atua mais sobre os territórios paranaense e catarinense no fim de semana e na segunda se reforça muito sobre o Sul do Brasil, e vai atingir o Rio Grande do Sul. Advertimos que alguns temporais no período podem ser até localmente intensos a severos com estragos. Esse é desenho atmosférico comum em eventos tornádicos de inverno. O risco é maior de tempo severo amanhã e domingo em Santa Catarina e no Paraná, mas não são afastados temporais isolados na Metade Norte gaúcha. Em geral, aqui no Rio Grande do Sul o dia de maior risco de tempestades é na segunda-feira, especialmente concentrado sobre a Metade Norte.

Fonte: http://www.metsul.com


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As belas imagens do primeiro amanhecer do inverno de 2014 – Via MetSul

Via MetSul Meteorologia e por Luiz Fernando 

O inverno começou às 7h51min deste sábado e com paisagens típicas da estação no Sul do Brasil. Muito nevoeiro e geada forte em diversas cidades, especialmente do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina. No Planalto Sul Catarinense, que concentra os municipios de maior altitude da parte meridional do país, as imagens foram lindas no primeiro amanhecer da nova estação.

O domingo ainda pode ter geada em algumas áreas do Rio Grande do Sul e Santa Catarina, mas menos generalizada e forte. Deve se concentrar nas baixadas e vales. Já na próxima semana, o frio vai dar lugar à chuva com muitos dias de instabilidade e sem frio intenso, o que impedirá o fenômeno. (fotos de Dionatas Costa / São Joaquim Online)

Abraços

Dakir Larara


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Semana marca transição para inverno climático com mais chuva e frio – Via Metsul

Via Metsul

Por Luis Fernando Nacthigall

Várias cidades do Sul e do Leste do Rio Grande do Sul tiveram nesta segunda-feira (19) a madrugada mais fria do ano até agora. Caso de Porto Alegre que amanheceu com 8,9ºC na estação do Sistema Metroclima do Lami (zona Sul) e 9,2ºC na Lomba do Pinheiro (zona Leste). Menor marca do ano também em Pelotas que teve 5,5ºC na madrugada no Cpmet/Ufpel. As menores marcas nesta segunda, como esperado, se deram no Sul, já que o ar frio tem limitada atuação na Metade Norte do Estado, onde se encontram as áreas de maior altitude e, logo, mais propícias às menores mínimas do território gaúcho.

Mais chuva. Mais frio. Esta é a síntese do padrão que gradualmente começa a se instalar no Estado a partir desta semana, marcando a transição para o inverno climático. Apenas em 21 de junho tem início oficialmente o inverno, mas, na prática, ele começa todos os anos antes. Tanto que junho, que tem 20 dias seus astronomicamente no outono, possui as menores médias históricas de temperatura na climatologia anual de Porto Alegre. Dentro deste novo padrão atmosférico, o Rio Grande do Sul começa a semana sob influência de uma massa de ar frio e terminará a semana sob impacto de outra e que se desenha mais forte que a atual. No final do mês há a possibilidade de outra incursão de ar polar. O que chama atenção são os indicativos de alguns modelos climáticos que têm tendências de mais longo prazo, apontando uma primeira metade junho com fortes incursões de ar polar. E vem também água. Os episódios de chuva no Estado (alguns significativos) tendem a aumentar a partir de agora e já nesta semana se poderá constatar com um evento de instabilidade de quarta ao começo da sexta-feira e mais intenso na quinta que pode trazer volumes altos de chuva para parte do Rio Grande do Sul e risco de granizo localizado.

Abraços

Dakir Larara


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Mobilizando nossa juventude para o tempo e o clima

Segue na íntegra, a menção que a Metsul Meteorologia fez ao Curso de Geografia da Ulbra em sua página, em especial à disciplina de Climatologia que ministro há mais de 10 anos. Abração para todos amigos da Metsul.

Mobilizando nossa juventude para o tempo e o clima

Por Eugênio Hackbart

O dia 23 de março é sempre especial para nós. Em todo mundo é comemorado o Dia Meteorológico Mundial, marcando a fundação em 1950 da Organização Meteorológica Mundial (OMM), uma agência da ONU. O tema escolhido para este ano é “Mobilizar a juventude para o tempo e o clima”. A escolha não poderia ser mais feliz. Cada vez mais, com o advento da internet e a moderna tecnologia das redes sociais cresce o interesse por Meteorologia na população, sobretudo em camadas mais jovens. Termômetro disso temos diariamente em nossas redes sociais, onde a participação de jovens com colaboração, seja por dados ou imagens, é enorme. Esta nova geração, com o advento da internet, deve ter uma cultura meteorológica muito superior às anteriores. Dificilmente pegar um celular de um adolescente e entre jogos e outros aplicativos não encontrar um de previsão do tempo. O tempo faz parte da vida das pessoas e os jovens estão inseridos neste contexto. Chuva ou sol podem fazer diferença na hora de programar a balada. Ou mesmo o vento na hora de cair no mar para pegar onda. Ou para a tão sonhada viagem de férias. 

Há outro lado na temática e que nos fascina há muito tempo. A maior difusão recente de informação do tempo e clima tem alimentado o interesse pelo ensino universitário, seja em cursos de Meteorologia, Geografia, Agronomia ou Oceanografia. É motivo de orgulho (enquanto MetSul) ouvir, como já ouvimos algumas vezes, de jovens a afirmação que escolheram estudar Meteorologia na faculdade porque aprenderam a gostar de Meteorologia lendo nossos conteúdos publicados desde 2006. É preciso avançar. Este é o espírito. A atmosfera é fascinante demais para não que não nos limitemos a falar se vai ter sol ou chuva, ou quanto teremos de mínima ou máxima numa cidade. A Meteorologia se desdobra em outras muitas faces, que são incríveis, e isso tem chamado a atenção da juventude.

Projeto de responsabilidade social da MetSul de longa data e com uma rica histórica é o “Meteorologia na Escola”. Treinamos os professores da rede pública de ensino de São Leopoldo sobre noções básicas de Meteorologia que são repassadas aos alunos, como incentivo para o estudo da ciência e a formação de uma cultura meteorológica, especialmente em situação de risco. Parte deste trabalho educacional é receber grupos de crianças das escolas na nossa estação meteorológica situada no Morro do Espelho, em São Leopoldo. Piazada como da Escola Municipal de Ensino Fundamental Alberto Pasqualini, acompanhada da professora Sônia Jaqueline de Paula Konzen e da diretora Agatha Gregory, em visita de 2012 (foto acima).

Se é importante com quem já leciona, fundamentar é atuar com quem trabalhará com jovens. Nesse sentido, comemoramos a parceria de longa data com o professor e doutor da disciplina de Climatologia da Ulbra Dakir Larara. As visitas técnicas (fotos acima) dos seus alunos nos permitem aprofundar o debate sobre o entendimento do clima urbano, mudanças climáticas e a relevância do conhecimento meteorológico no ensino fundamental. A juventude é sempre o futuro e para isso devemos plantar sempre boas sementes para que depois possamos colher excelentes frutos. Feliz Dia Meteorológico Mundial a todos !!!

Link com o post na íntegra:

http://www.metsul.com/blog2012/Home/home/567/Mobilizando_nossa_juventude_para_o_tempo_e_o_clima

Abraços e beijos

Dakir Larara


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A primeira mínima negativa do ano e as percepções falsas de clima

Segue, na íntegra, o excelente texto publicado pela amiga e meteorologista Estael Sias no blog da MetSul Meteorologia.

Vale a leitura!!

 

Foi registrada na madrugada desta segunda-feira a primeira temperatura negativa de 2014 no Brasil: 0,2ºC abaixo de zero. E não foi no Sul do Brasil, mas sim em um estado que é famoso popularmente pelo seu clima quente e tropical, mas que é ignorado ou recebe pouca atenção nacional pelo frio de suas áreas serranas e de algumas das maiores altitudes do território brasileiro. O registro ocorreu numa estação automática particular instalada dentro do Parque Nacional de Itatiaia, a 2451 metros de altitude, na Serra da Mantiqueira, entre o Rio de Janeiro e Minas Gerais. Por que fez tanto frio lá na última noite? Muito em consequência do ar seco e o resfriamento induzido pelo relevo (altitude) e forte perda radioativa, já que radiosondagem por balão feita no aeroporto do Galeão não mostrou temperatura baixa no nível atmosférico da estação. De fato, a sondagem apontou 14ºC perto de 2400 metros de altitude às 10h da manhã. O que houve foi acentuado resfriamento em superfície por ar seco, vento calmo  a fraco e tempo aberto em local de elevada altitude. Tanto que, perto e ao nível do mar, na cidade do Rio de Janeiro, a mínima no Aeroporto Internacional Tom Jobim hoje foi de quentes e abafados 25,2ºC.

Já aqui no Rio Grande do Sul, mais conhecido no resto do Brasil pelo frio do que pelo calor (outra percepção equivocada de clima), a menor temperatura da segunda-feira na rede do Instituto Nacional de Meteorologia foi ainda baixa para janeiro com 11,9ºC em Cambará do Sul, também resultado de ar mais seco e tempo aberto em altitude, mas o que predominou mesmo foi o intenso calor com marcas de 35ºC a 38ºC no Centro e no Oeste gaúcho. Estações meteorológicas indicaram máximas nesta segunda-feira de 38,3ºC em Santa Rosa, 38,2ºC em Quaraí, 38,0ºC em São Gabriel, 37,1ºC em Santa Cruz do Sul, 36,7ºC em Alegrete e 36,4ºC em Livramento. Em Porto Alegre (fotos acima do fim de tarde no Guaíba), também fez muito calor com 35,9ºC na zona Norte. (Com agradecimento ao repórter fotográfico Wesley Santos da Press Digital pela cortesia das fotos)

Texto na íntegra em http://www.metsul.com/blog2012/

Abraços

Dakir Larara


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MetSul alerta que uma forte onda de calor marcará a semana no Estado e no Cone Sul

Segundo Luiz Fernando Nacthigall, membro da equipe MetSul Meteorologia, o tempo nesta semana no RS e no Cone Sul será caracterizado por ingresso de ar quente de origem tropical e, consequentemente, marcado pela primeira onda de calor do ano de 2013.

Confira na íntegra o excelente post do meteorologista Nachtigall:

“Foi um domingo de profunda tristeza, como será esta segunda-feira e toda esta semana, em consequência da tragédia de impossível assimilação em Santa Maria. Jornadas que nós gaúchos jamais vamos esquecer pela consternação e o sofrimento de quem viu seus filhos, irmãos, netos e amigos irem para uma festa para jamais retornar em desperdício incompreensível de vidas e de futuro. O 27 de janeiro de 2013 foi muito diferente também no tempo. Numa época em que deveria estar fazendo intenso calor, o Estado amanheceu com frio atípico. Como resultado do céu claro, vento calmo e do ar seco, as mínimas se deram em áreas de baixada. Caso do Parque do Caracol, em Canela, que teve só 6,2ºC. Em Santa Rosa, no Noroeste, o ar bastante seco trouxe mínima na estação de baixada da cidade de apenas 8ºC na madrugada e máxima de 34,6ºC, variação superior a 25ºC. No sábado, já tinha feito frio no Rio Grande do Sul com marcas de um dígito na Metade Sul e fronteira com o Uruguai. A menor marca do sábado foi na estação da MetSul em Morro Redondo, no Sul gaúcho.

A mínima oficial do domingo em Porto Alegre, no Jardim Botânico, foi a terceira menor dos últimos 50 anos na cidade no mês de janeiro com apenas 12,3ºC, conforme pesquisa realizada pela MetSul na base de dados do Instituto Nacional de Meteorologia. Em 19 de janeiro de 1990 fez 12,1ºC e em 2 de janeiro de 1975 a mínima foi de 11,4ºC. Os dados da base do Inmet apontam um registro de 11,1ºC em 30 de janeiro de 1974, porém não tomamos este dado como válido. Primeiro, porque esta marca não aparece como extremo da série 1961-1990 e no mesmo dia outra estações do Estado, inclusive próximas de Porto Alegre, registraram marcas bem mais altas.

Ar mais quente já começou a ingressar no Estado ontem pelo Oeste e o Norte, trazendo tarde de máximas bem mais altas que a do agradável sábado. O ar quente será bastante reforçado ao longo da semana, o que levará à primeira onda de calor de 2013 no Rio Grande do Sul com temperatura mito alta nos próximos dias, sobretudo na segunda metade da semana. As máximas poderão atingir valores ao redor dos 40ºC no Centro e no Oeste do Estado, inclusive na região de Porto Alegre. No final desta semana, a atmosfera se instabiliza com a aproximação de uma frente fria, o que provavelmente resultará em temporais isolados, alguns fortes, na Argentina, Uruguai e Rio Grande do Sul. A semana será tórrida também na Argentina, onde o calor será ainda mais extremo, possivelmente com marcas de 43ºC a 45ºC em algumas províncias e de até 40ºC na região de Buenos Aires.”

Fonte: www.metsul.com/blog2012/

Abraços

Dakir Larara


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Segundo MetSul Meteorologia, semana que se inicia pode ser complicada para o RS!

Leiam na íntegra o excelente post do mestre Eugênio Hackbart sobre o que pode nos esperar, no que diz respeito às condições do tempo atmosférico, para esta semana no RS.

Semana promete ser muito complicada com nova onda de temporais

Por: Professor Eugenio Hackbart

Massa de ar muito quente cobre o Rio Grande do Sul e foi responsável neste domingo por máxima superior a 37ºC na zona Norte de Porto Alegre. Áreas de instabilidade formadas pelo calor e a umidade atuaram desde a madrugada no Centro da Argentina e trouxeram temporais com queda de árvores para o Norte da Grande Buenos Aires. No decorrer do dia a instabilidade intensa avançou pelas províncias argentinas de Santa Fé e Entre Rios, além do Oeste do Uruguai, com chuva intensa e vendavais, e atinge o Sudoste gaúcho na noite deste domingo.

Imagem de satélite em alta resolução mostrando a forte instabilidade na manhã de hoje no Centro da Argentina e fotos de queda de árvores em Buenos Aires (Reprodução/TN) e de temporal em Toledo, Canelones, no Uruguai (via Twitter da MetSul)

Recém no sábado a CEEE disse ter normalizado a sua rede após os graves danos dos temporais da noite de segunda-feira e da madrugada de terça no Rio Grande do Sul e nova ameaça paira no horizonte para as concessionárias do setor elétrico. Quem pensa que a “cota” de temporais de dezembro chegou ao fim na semana passada que não se engane. As empresas de energia e a Defesa Civil no Rio Grande do Sul ainda vão ter muito trabalho até o dia 31. A semana que começa promete ser uma das mais ativas em tempo severo no Cone Sul da América do Sul nos tempos recentes e o padrão favorável a tempestades pode prosseguir ainda na última semana de 2012. Esta segunda metade de dezembro, assim, promete ser período de altíssimo risco com frequência altíssima de temporais na Argentina, Uruguai, Paraguai, além do Sul e Sudeste do Brasil. Toda a região estará sob influência de ar quente e úmido, logo instável, e ainda são esperadas várias áreas de baixa pressão, o que acentuará ainda mais a instabilidade. A pressão atmosférica deve cair abaixo de 1000 hPa, principalmente entre quarta e quinta, piorando o quadro de tempo severo. Modelos indicam altas taxas de instabilidade atmosférica até quinta, o que significa sequência de quatro dias com alto risco de temporais. Chama atenção na análise dos modelos como as taxas de instabilidade já serão altas já de manhã de segunda até quarta no Rio Grande do Sul, sinal de que as nuvens carregadas podem se formar mais cedo e não apenas da tarde para a noite.

Projeção do modelo americano GFS (saída das 12Z de hoje) de precipitação e os índices de instabilidade CAPE – Convective Available Potential Energy – Energia Potencial Convectiva Disponível (acima de 2000 é muito alto) e Lifted (valores negativos indicam maior instabilidade) para Porto Alegre (esquerda) e Uruguaiana (direita)

Os próximos dias não deixarão dúvida sobre este padrão de tempestades. O começo desta semana (segunda e terça) terá risco de temporais isolados no Rio Grande do Sul por conta da combinação de calor e o ingresso de ar úmido e instável, mas será a segunda metade da semana (19-22/12) que promete trazer condições de elevado risco com excessivos volumes de chuva em parte do Estado, granizo e vendavais. Neste período, espera-se a atuação de uma profunda área de baixa pressão atmosférica que será seguida de frente fria com possibilidade de temporais em grande parte do Cone Sul. Este sistema frontal vai atuar no Rio Grande do Sul entre quinta e sexta, mas especialmente na sexta, quando a chuva deve ser mais generalizada e volumosa com potencial de grandes acumulados em algumas localidades, o que pode trazer alagamentos.  Nestes dois dias ainda haverá risco de temporais no Estado, especialmente na quinta-feira.

Previsão do índice K do Modelo da Marinha dos Estados Unidos para a madrugada de quinta (esquerda) e de sexta (direita). O índice de instabilidade K, pela sua equação, é indicador melhor do risco de chuva forte que o de temporais. Valores acima de 40 são muito altos e acompanham o sistema frontal que vai avançar pelo Uruguai e o Sul do Brasil entre quinta e sexta-feira.

Uma projeção dos modelos que preocupa é a sinalização de uma intensa corrente de jato em baixos níveis da atmosfera que, pelos dados de hoje, ingressaria a partir do Oeste do Rio Grande do Sul na segunda metade da quarta-feira, acompanhando a intensificação da área de baixa pressão. Entre a madrugada e a manhã de quinta, este jato de baixos níveis atuaria com muita força sobre o Rio Grande do Sul (mapas abaixo), o que permite se cogitar do risco alto de temporais fortes a severos durante este intervalo da segunda metade da quarta até a primeira metade da quinta. Pela configuração do “jato” há a ameaça de vendavais, alguns fortes a intensos.

Tempestades localmente muito severas e com alto potencial de danos são possíveis nesta semana não apenas aqui no Rio Grande do Sul, mas também nos países vizinhos como Argentina e Uruguai. Eventos extremos como “turbonadas” ou mesmo atividade tornádica devem tornar a ocorrer no Cone Sul, porém é impossível determinar quais localidades poderiam ser afetadas, exceto em curtíssimo prazo (nowcasting). O Centro-Norte da Argentina e o Uruguai têm risco de tormentas, fortes a muito intensas, até quinta-feira. Quarta pode ser uma das jornadas de maior instabilidade na região do Prata. Tanto Montevidéu como a cidade de Buenos Aires estarão sujeitas até a metade da semana a temporais com altos volumes de chuva em curtos períodos.

Fonte: http://www.metsul.com/blog2012/

Abraços

Dakir Larara


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Segundo Metsul, agosto de 2012 foi o mais quente em Porto Alegre, desde o início das medições climatológicas de 1910

Segue na íntegra o excelente e importante artigo publicado pelo colega e amigo gremista fanático Alexandre Aguiar, membro da equipe da Metsul Meteorologia. O texto que segue está disponível em http://www.metsul.com/blog2012/. Espero que gostem da leitura.

Agosto bizarrro foi o mais quente da história em Porto Alegre

Não foi verão, mas quase. O terceiro mês mais frio da climatologia anual histórica do Rio Grande do Sul no ano de 2012 fugiu completamente ao padrão normal e apresentou o que a equipe da MetSul Meteorologia considerou um padrão atmosférico bizarro. Desvios em relação à média altos são mais comuns no inverno que no verão, mas o que se presenciou e se sentiu na pele em agosto aqui no Estado foi absolutamente insólito do ponto de vista histórico. Um número altíssimo de dias quentes e secos, o que trouxe conseqüências raras como índices de qualidade do ar inadequados na Grande Porto Alegre e o florescimento das árvores quase um mês antes da habitual, confundindo completamente a natureza (fotos de Paulo Nunes e Fabiano do Amaral do Correio do Povo).

Meses com temperatura incrivelmente acima da média, como agosto de 2012, são por demais raros. Porto Alegre teve o agosto mais quente desde o começo das medições em 1910. A média geral (composta) foi de 19,1ºC, 3,8ºC acima da normal, batendo agosto de 2001 que era o mais quente da série histórica com média de 18,7ºC. A média mínima na Capital de 14,7ºC (2,9ºC acima da normal) também é a maior em um século em agosto, batendo o recorde de 14,4ºC de 2001. A média máxima de 26,3ºC (6,0ºC acima da normal) foi a maior já vista no mês, liquidando o recorde de 2001 (25,0ºC). Exemplos do absurdo é que Bom Jesus teve uma média máxima de 21,2ºC, valor 0,9ºC acima da média máxima histórica de agosto de, atentem, Porto Alegre.

A média mínima na Capital de 14,7ºC (2,9ºC acima da normal) também é a maior em um século em agosto, batendo o recorde de 14,4ºC de 2001. A média máxima de 26,3ºC (6,0ºC acima da normal) foi a maior já vista no mês, liquidando o recorde de 2001 (25,0ºC). Exemplos do absurdo é que Bom Jesus teve uma média máxima de 21,2ºC, valor 0,9ºC acima da média máxima histórica de agosto de, atentem, Porto Alegre.

Caxias do Sul anotou uma média máxima em agosto de 2012 de 22,7ºC, acima das médias máximas de setembro (19,7ºC) e até outubro (21,6ºC) da cidade. O mesmo ocorreu em Encruzilhada do Sul com média das máximas em agosto de 24,0ºC, marca que supera as normais históricas (1961-1990) de máximas de setembro (19,5ºC) e outubro (22,3ºC), quase se aproximando da média histórica de novembro de 24,8ºC. Iraí terminou agosto (inverno) com média máxima de 27,2ºC, valor semelhante à média máxima histórica de fevereiro (verão) em Santa Vitória do Palmar que é de 27,4ºC. Campo Bom anotou 16 dias acima de 30ºC, em padrão de novembro, contra apenas dois dias com marcas acima de 30ºC em agosto do ano passado. 

Este recém findo agosto de 2012 foi muito semelhante, porém mais quente, ao que se experimentou em agosto no ano de 2001, também de marcas muito acima da média com recordes históricos que agora foram batidos. A semelhança na distribuição geográfica e intensidade das anomalias de temperatura entre agosto de 2001 e agosto de 2012 no território brasileiro, aliás, impressiona.

O grande responsável pelo calor persistente em agosto, segundo nossos meteorologistas, foi um padrão de bloqueio atmosférico entre a América do Sul e o Atlântico Sul em que a pressão atmosférica ficou acima da média entre o continente americano e a África. Com isso, frentes frias pouco progrediram e houve baixa freqüência de pulsos de ar frio nas latitudes médias. Isso determinou que agosto terminasse com chuva abaixo da média em grande parte do Estado. Foi o décimo mês seguido de chuva irregular no Estado, desde que em novembro de 2011 as precipitações começaram a ficar escassas. O bloqueio fez com que a instabilidade se mantivesse sobre o Centro da Argentina e o Uruguai. Algumas cidades da província de Buenos Aires registram o agosto mais chuvoso em, pelo menos, um século. No Noroeste gaúcho, a precipitação foi muito escassa. Desde que começou a operar a estação meteorológica em Iraí, em 1935, jamais havia sido registrado agosto tão seco. Foram ridículos 16,1 mm.

Anomalia de temperatura em agosto de 2012 em Santa Maria (gráfico) foi a maior dos últimos 12 meses, superando as de fevereiro e começo de março que já tinham sido muito altas e históricas

Curiosamente, e muito interessante, o último mês do inverno (março) nos Estados Unidos em 2012 foi o mais quente desde 1910. No mesmo ano, agosto também foi muito quente no Rio Grande do Sul com uma média mensal (composta) de 17,2ºC em Porto Alegre. O ano de 1910 foi de La Niña (condição do começo deste ano) e os meses de junho e julho tinham registrado dias muito gelados em Porto Alegre, tal como em 2012. Ocorre que em 2001, outro ano de agosto por demais quente no Rio Grande do Sul, março foi frio nas áreas onde em 2012 fez muito calor. Atribuição de causa e efeito ao fenômeno El Niño ou La Niña ou correlação simples com inverno do Hemisfério Norte, assim, por si só, não explicam o que se deu em agosto no Rio Grande do Sul.

Até que ponto um agosto tão quente se insere dentro da variabilidade natural do clima ? E até que ponto poderia ser atribuído às mudanças climáticas ou aquecimento global ? Este é um ponto dramático de se resolver e sem resposta. A ciência ainda debate se gases do efeito estuda contribuíram para eventos extraordinários de tempo quente como as ondas de calor da Europa de 2003, a épica de Moscou de 2010 ou a de março de 2012 registrada nos Estados Unidos (leia mais). Alguns estudos indicaram correlação com o aquecimento global e outros não. Trabalho americano publicado pela Proceedings of the National Academy of Sciencese, em outubro de 2011, concluiu que o aquecimento local anotado em Moscou (Rússia) aumentou a expectativa de recordes por década em 500%. O estudo ainda determinou que existe 80% de chance que a onda de calor de julho de 2010 não teria se dado sem aquecimento global.

Abraços

Dakir Larara