Blog do Daka

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Mapeamento revolucionário da biosfera faz “raio X” dos ecossistemas

Pesquisadores testaram com sucesso uma nova forma de mapear a biosfera terrestre. O equipamento é chamado ATOMS – Airborne Taxonomic Mapping System, sistema de mapeamento taxonômico aerotransportado, em tradução direta.

Cada um dos três instrumentos produz informações diferentes, que podem ser mescladas para traçar quadros da biodiversidade nunca vistos. [Imagem: The Carnegie Airborne Observatory]

As informações obtidas revelam a ecologia de uma forma nunca vista antes, nem por satélites artificiais e nem mesmo por observações diretas no solo. “Cada imagem que o ATOMS produz é uma descoberta, é como se estivéssemos olhando para um universo inteiro pela primeira vez,” disse Greg Asner, líder do projeto. As imagens produzidas, obtidas em uma única passagem, geram informações sobre a composição química, função e estrutura dos ecossistemas. O equipamento foi testado a bordo de um avião da NASA que sobrevoou ecossistemas nos EUA (Califórnia), Colômbia, Costa Rica e Peru, incluindo a floresta amazônica.

Não se trata de floresta e água: cada cor representa diferentes tipos de vegetação. Esta imagem mostra áreas de desmatamento na Amazônia peruana. [Imagem: The Carnegie Airborne Observatory]

Radar de luz

O sistema ATOMS é uma combinação de várias técnicas de rastreamento e imageamento, incluindo lasers e espectrômetros. A estrela do conjunto é um LIDAR (Light Detection and Ranging), também conhecido como radar de luz. Sua resolução espacial varia de 25 centímetros a 1 metro, dependendo da altitude do avião. Completam o equipamento um espectrômetro de ondas curtas, com resolução espacial entre 0,5 e 2 metros, e um espectrômetro de infravermelho, com resolução similar à do LIDAR, entre 0,25 e 1 metro.

“É como tirar um raio X de uma paisagem inteira, planta por planta, e de cada pequena elevação. Nós podemos ver como cada pequena elevação no solo, de meio metro, pode criar um novo habitat para espécies, com efeitos mensuráveis para a biomassa da floresta inteira,” disse Dana Chadwick, que usou o sistema para fazer uma pesquisa sobre a interação entre a floresta e sua geologia.

Fonte: inovacaotecnologica.com.br


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Murmuration – Vídeo sensacional!!

Sem palavras… Assitam o vídeo e depois me falem… Sensacional!!!

 

Abraços

Dakir Larara


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Nova Classificação Climática para o Rio Grande do Sul saiu do forno – por Maíra Rossato

Recentemente aprovada com louvor no Programa de Pós-Graduação em Geografia da UFRGS, a tese intitulada “Os Climas do Rio Grande do Sul: variabilidade, tendências e tipologia” de autoria de Maíra Suertegaray Rossato apresenta, através de dados atualizados (1970-2007), o quadro climático do Estado a partir de uma nova classificação para os climas do RS.

Esta tese centrou-se no estudo analítico do clima do estado do Rio Grande do Sul (Brasil), com foco na variabilidade (espaço-temporal) dos elementos climáticos-meteorológicos e na abordagem de suas tendências. Associa-se a esta análise, o reconhecimento das variabilidades climáticas em escala regional para o período de 1931-2007, através da comparação das médias do período analisado com as normais climatológicas de 1931-1960 e 1961-1990.

A partir desta construção, busca-se a atualização do conhecimento da climatologia relativa ao Rio Grande do Sul, sintetizada a partir da elaboração de uma classificação climática que incorpora o uso de novas metodologias e tecnologias.

O método de classificação climática desenvolvido contemplou análises qualitativas e quantitativas, tendo por base a integração entre os elementos do clima e a circulação atmosférica de superfície (dinâmica das massas de ar), articulados a técnicas estatísticas e geoestatísticas.

Comparando as normais climatológicas do estado

A análise da variabilidade dos elementos climáticos para o período entre 1931 e 2007 indica que as temperaturas mínimas se elevaram em muitos lugares do RS, levando a uma redução da amplitude térmica. Com isso, revela-se o aumento das temperaturas médias em até 0,5oC, particularmente em algumas localidades da metade centro-norte do estado, sendo este aumento maior no período de 1970-2007.

Percebe um aumento da precipitação até a normal de 1961-1990, mas em muitas partes do RS, como na porção oeste do estado, a média seguinte aponta redução nos totais mensais e anuais. Localidades situadas no leste e extremo norte do estado registraram elevação dos totais das chuvas, principalmente na primavera e verão no período de 1970-2007.

A variabilidade identificada entre as médias relacionam-se com alguns dos ciclos ligados a eventos de macroescala encontrados nas séries temporais. A variabilidade dos totais pluviométricos registrados na comparação de médias pode ser explicada por ciclos, como os de ENOS, por exemplo. Os ciclos decenais e quinzenais que foram identificados em várias séries, principalmente nas de temperatura, de insolação e de pressão atmosférica podem explicar a variabilidade das médias, embora não sejam explicitados nos seus valores finais.

Tendências para a temperatura e precipitação

A análise de tendências lineares e polinomiais indicou tendências estatisticamente pouco importantes, uma vez que os coeficientes de correlação encontrados variam de fracos a moderados.

De forma geral, nota-se reduzida tendência de diminuição da amplitude entre as temperaturas máximas e mínimas em localidades situadas em todos os compartimentos geomorfológicos do RS. Essa redução se explica, principalmente, pela maior elevação das mínimas em relação às máximas, como no sudoeste, centro e nordeste do Estado, indicando uma pequena, mas possível diminuição dos núcleos frios do estado.

Em relação à precipitação e umidade, não foram registrados aumentos importantes nos totais pluviométricos mensais e nem nos dias de precipitação mensais para os 38 anos estudados. Os totais pluviométricos anuais, contudo, ratificaram, através da tendência linear, a possível elevação dos valores de chuva ao ano com tendência de concentração. Isto porque os pontos em que se identificou maior tendência de aumento localizavam-se no setor centro-leste da Depressão Central estendendo-se sobre o Planalto Basáltico, Escudo Sul-riograndense e Litoral.

A análise da tendência polinomial, entretanto, aponta pontos do estado em que há redução nos totais anuais a partir do final dos anos de 1990 e início de 2000. Localidades na Depressão Central, no norte e centro do Planalto Basáltico, além do extremo sul do Litoral registram esse decréscimo. Os municípios do leste do Planalto Basáltico, do Escudo Sul-riograndense e do Litoral apresentaram aumento de seus totais anuais a partir dos anos de 1990.

Estas distribuições diferenciadas acentuam características já identificadas em algumas regiões de falta ou de excesso de umidade, intensificando diferenças regionais através da concentração de precipitação.

Os Climas do Rio Grande do Sul

Com relação ao regime climático, pode-se dizer que os sistemas polares são os grandes dinamizadores dos climas do estado, em interação com os sistemas tropicais. Entretanto, é a partir da relação destes com os fatores geográficos locais e regionais, que se define a variabilidade espacial dos elementos do clima. A gênese das chuvas está, principalmente, associada aos sistemas frontais.

Com relação à tipologia climática, o estado do Rio Grande do Sul situa-se em área de domínio do Clima subtropical, subdividido em quatro tipos principais (clique na figura abaixo para ampliar!!):

Subtropical I – Pouco Úmido (Subtropical Ia – Pouco Úmido com Inverno Frio e Verão Fresco, e Subtropical Ib – Pouco Úmido com Inverno Frio e Verão Quente);

Subtropical II: Medianamente Úmido com Variação Longitudinal das Temperaturas Médias;

Subtropical III: Úmido com Variação Longitudinal das Temperaturas Médias; e

Subtropical IV – Muito Úmido (Subtropical IVa – Muito Úmido com Inverno Fresco e Verão Quente, e Subtropical IVb – Muito Úmido com Inverno Frio e Verão Fresco).

O Rio Grande do Sul apresenta regiões climaticamente bem diferenciadas, evidenciando certa heterogeneidade, ao contrário de grande parte das classificações climáticas mais conhecidas do estado.

Esse mapeamento climático revela dados interessantes, na medida em que evidencia distribuição espacial desigual das chuvas, permitindo observar, por exemplo, uma menor umidade em parte da região denominada Campanha no RS (reverso da Cuesta do Haedo), resultado da distribuição irregular que em determinados anos se releva em períodos com anomalias negativas de precipitação constatados pela população e amplamente divulgados pelos meios de comunicação.

Da mesma forma este processo se revela importante na decifração das características do clima do sul do estado permitindo uma melhor compreensão das anomalias negativas da precipitação na região de Bagé e seu entorno, no Escudo Sul-riograndense. Anomalias que se revelam também no litoral sul e que tem sua gênese associada à influência da corrente fria das Malvinas que promove mais estabilidade.

Outro ponto significativo é o papel do processo de urbanização do leste do estado revelador de uma área de temperaturas médias mais altas, mesmo tendo esta área influência da maritimidade.

É importante mencionar que esta tese traz como resultado uma classificação climática em escala regional para um período recente que inovou ao incluir na metodologia analises quantitativas e qualitativas em diferentes escalas temporais e que procura apresentar de forma simples e direta as características importantes de diferentes porções do estado. Isso fez com que os quatro tipos e dois subtipos climáticos sejam bem representativos do RS.


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Super vulcão de Yellowstone é maior do que se pensava

Esta ilustração compara as duas visões – sísmica e elétrica – da câmera que alimenta o super vulcão de Yellowstone. A imagem da esquerda foi feita pela técnica geoelétrica, baseada nas variações de condutividade elétrica da rocha fundida e dos fluidos.[Imagem: University of Utah]

Geofísicos usaram uma nova técnica de imageamento para traçar um perfil da condutividade elétrica do super vulcão de Yellowstone. O resultado sugere que câmara de rocha quente e parcialmente fundida, que um dia fará o super vulcão novamente entrar em erupção, é ainda maior do parecia.

Super vulcão de Yellowstone

Segundo as observações geológicas disponíveis, o super vulcão de Yellowstone foi o causador das maiores explosões vulcânicas que a Terra já experimentou. Ele teve três super erupções – capazes de cobrir metade da América do Norte com cinzas – nos últimos milhões de anos: há 2 milhões, 1,3 milhão e 642.000 anos atrás. Esta estatística indica que a próxima grande erupção de Yellowstone pode ocorrer a qualquer momento. Erupções menores têm ocorrido nesses intervalos: a mais recente ocorreu há 70.000 anos.

Mapeamento sísmico

As imagens anteriores eram baseadas em ondas sísmicas, geradas por terremotos ou induzidas pelos pesquisadores por meio de explosões. A última medição por ondas sísmicas foi feita em 2009. As ondas sísmicas viajam mais rapidamente através das rochas frias e mais lentamente através das rochas quentes.

As ondas sísmicas podem ser geradas naturalmente, por terremotos, ou artificialmente, por meio de explosões. Captando as ondas de um ponto distante de sua emissão, é possível traçar uma imagem tridimensional do subsolo, de maneira parecida com os raios X usados para fazer imagens do corpo humano. Os resultados mostram uma câmara que mergulha em um ângulo bastante inclinado, de 60 graus, estendendo-se por 240 quilômetros e alcançando até 650 km de profundidade.

Mapeamento geoelétrico

No novo estudo, as imagens foram geradas medindo a condutividade elétrica da câmara, gerada pelas rochas silicatadas fundidas e pela salmoura fervente misturada com rochas parcialmente fundidas. Na verdade, trata-se de uma forma inédita de observar o que ocorre nas profundezas de um vulcão, adormecido há milhares de anos.

O mapa mostra uma visão diferente, com uma câmara mergulhando a um ângulo mais suave, de 40 graus, e alcançando 640 quilômetros no sentido leste-oeste. Esta técnica geoelétrica consegue enxergar somente até 160 km de profundidade, mas o baixo ângulo de inclinação mostra um quadro totalmente diferente, com uma câmara de magma muito maior.

Sem previsões

“É como comparar o ultra-som com a ressonância magnética no corpo humano, são diferentes tecnologias de geração de imagens,” explica o professor Michael Zhdanov, da Universidade de Utah, nos Estados Unidos. Os cientistas acreditam que a câmara cônica mostrada pelo imageamento sísmico parece estar envelopado em uma camada muito mais larga de rochas parcialmente fundidas e líquidos ferventes.

“É muito grande. Nós podemos inferir que há mais fluidos lá do que as imagens sísmicas mostram,” disse Robert Smith, coordenador da pesquisa. O novo estudo amplia o conhecimento sobre o que está por baixo do super vulcão, mas não diz nada sobre as chances e o tempo que levará para que a próxima erupção ocorra.

Fonte: http://www.inovacaotecnologica.com.br


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Síntese do que aconteceu no Japão

Vídeo da Folha.com explica e sintetiza os desdobramentos do terromoto/tsunami que aconteceu no Japão. Vale muito a pena assisti-lo.


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Judith Curry: “Não tenho medo do clima”.

Entrevista interessante de uma renomada pesquisadora estadunidense sobre a temática do aquecimento global, mudanças climáticas e a credibilidade do IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas). Olha só hein… Não é que o Professor Luiz Carlos Molion, – pesquisador senior em climatologia no Brasil -, uma das únicas vozes aqui no país que contrapõe alguns dados produzidos pelo IPCC e que criticou de forma contundente o CLIMATEGATE (vazamento de e-mails dos até então renomados pesquisadores Phil Jones e Michael Mann da universidade de East Anglia, UK), está influenciando alguns membros do IPCC…

Segue a entrevista que a pesquisadora Judith Curry prestou à Revista Época. Espero que gostem!!!

Pesquisadora americana diz que ainda há muita incerteza sobre o aquecimento global.

Os furacões são a especialidade de Judith Curry, diretora da Escola de Ciências da Terra e da Atmosfera, do Instituto de Tecnologia da Geórgia, nos Estados Unidos. Agora ela está no olho da tempestade. A confusão começou no fim do ano passado, quando Judith fez críticas públicas aos pesquisadores Michael Mann, da Universidade Estadual da Pensilvânia, nos Estados Unidos, e Phil Jones, da Universidade de East Anglia, no Reino Unido, acusados de distorcer dados científicos, a partir de e-mails vazados. Jones e Mann foram inocentados por investigações das universidades e do comitê científico britânico. Mas Judith afirma que o problema de credibilidade não acabou. Ela não questiona que a Terra esteja esquentando. Nem que isso seja causado por emissões humanas. Mas afirma que são exageradas as previsões catastróficas emitidas pelo IPCC, o painel de cientistas reunido pela ONU.

QUEM É
É diretora da Escola de Ciências da Terra e da Atmosfera, do Instituto de Tecnologia da Geórgia, nos Estados Unidos

O QUE FEZ
Publicou recentemente artigos em que critica cientistas do clima, integrantes do IPCC, o painel da ONU

ATUAÇÃO CIENTÍFICA
Foi do conselho da Sociedade Americana de Meteorologia. Editou a revista Journal of Applied Meteorology. Já trabalhou para a Nasa, a agência espacial americana

 

ÉPOCA – A senhora tem medo das consequências das mudanças climáticas?

Judith Curry – Existem riscos significativos associados a elas. Toda essa questão de o que são as mudanças climáticas “perigosas” não foi adequadamente avaliada. Mas não estou pessoalmente amedrontada com isso.

ÉPOCA – Os cientistas estão cumprindo sua missão de informar o público?

Curry – A percepção pública de que o aquecimento global é uma emergência planetária provavelmente teve seu auge entre 2005 e 2007, com o Furacão Katrina e o filme de Al Gore. Desde então, o interesse vem caindo. O ceticismo com as mudanças climáticas agora questiona se os impactos do aquecimento são grandes ou predominantemente adversos. E se algo pode ser feito para melhorar a situação. O debate público se deteriorou para tentativas de desacreditar ou censurar os cientistas. E o que vemos são propagandas para influenciar a política, e não para informar o público.

ÉPOCA – Qual é o risco disso?

Curry – Muitos pesquisadores, genuinamente preocupados com os riscos do aquecimento, inclusive eu mesma, estão desapontados com as decisões políticas para enfrentar o desafio climático. Para começar, creio que é preciso fazer alterações no IPCC, para restabelecer sua credibilidade. O processo precisa ser mais aberto. É preciso selecionar melhor os autores e os revisores. Uma equipe de inspetores deve supervisionar o processo e investigar queixas. Diante do vazamento de e-mails, devemos mudar a maneira de avaliar as incertezas. Muitas vezes, nos relatórios do IPCC, um mero julgamento de um especialista substituiu a análise científica rigorosa do grau de incerteza dos dados. Estamos falando de imprecisões na hora de ajustar os dados de temperatura para compensar os efeitos de calor urbanos (o crescimento das cidades, com a concentração de cimento e asfalto, aumenta a temperatura artificialmente na região). Ou para preencher regiões da Terra para onde não há dados disponíveis.

ÉPOCA – O que ainda não sabemos sobre as mudanças climáticas?

Curry – Há muitas incertezas ainda. Elas estão associadas aos registros de temperatura no passado. E também aos modelos climáticos que os pesquisadores rodam no computador para simular os comportamentos da atmosfera e fazer estimativas para o futuro.

ÉPOCA – Será que a ciência já consegue estabelecer o grau de seriedade da crise climática?

Curry – Não se sabe ao certo quanto do aquecimento ocorrido na segunda metade do século XX pode ser atribuído à ação humana. E ainda não são exatas as projeções para o aquecimento previsto para este século.

ÉPOCA – Devemos esperar que essas incertezas sejam reduzidas ou eliminadas antes de tomarmos atitudes que evitem as piores consequências das mudanças climáticas?

Curry – Não é o que estou sugerindo. As incertezas não podem ser eliminadas. Nós tomamos decisões o tempo todo diante de situações incertas. Só que o grau de imprecisão nas previsões precisa ser levado em conta no processo decisório. As chances de consequências trágicas do aquecimento são no mínimo tão altas quanto as de que houvesse armas de destruição em massa no Iraque. No fim, elas não existiam, mas nós fomos à guerra assim mesmo. Temos um histórico de decidir agir para evitar coisas ruins mesmo quando a probabilidade é baixa.

Não se sabe quanto do aquecimento ocorrido na segunda metade
do século XX pode ser atribuído à ação humana “

ÉPOCA – Como discernir os céticos legítimos dos lobistas da indústria que apenas desejam aumentar a confusão?

Curry – A questão fundamental gira em torno de dados e modelos científicos. O cético genuíno fará argumentos e debaterá a partir disso nas revistas científicas ou nos blogs técnicos.

ÉPOCA – A senhora vê alguma campanha de lobby da indústria dos combustíveis fósseis para aumentar a confusão?

Curry – Isso existe também. Mas não vejo como um fator importante no ceticismo geral em relação às mudanças climáticas. A maioria das pessoas que escrevem contra o controle de emissões usa argumentos políticos ou econômicos. Elas não se importam com a ciência. Nem se poderia chamá-las de céticas. Há outros céticos com formação científica. Mas poucos recebem algum dinheiro das empresas de petróleo ou carvão. Entidades como o Instituto de Empresas Americanas ou o Instituto para Empresas Competitivas estão preocupadas com políticas que possam afetar a competitividade dos Estados Unidos e de nossa economia. Por isso, gastam tempo e dinheiro organizando conferências e exigindo informações dos pesquisadores do clima.

ÉPOCA – Como a senhora vê a controvérsia gerada pelos e-mails que vazaram na Universidade de East Anglia?

Curry – Os e-mails alimentam preocupação sobre os métodos usados para construir a sequência histórica de temperaturas na superfície da Terra nos últimos 1.000 anos. É o chamado “taco de hóquei” (que mostra um longo período de temperaturas mais baixas e uma elevação brusca nos últimos anos, como a ponta do taco). Além disso, os e-mails levantam dúvidas sobre o comportamento dos cientistas em relação ao processo de avaliação por colegas de cada estudo, antes de ele ser publicado em revistas científicas. E talvez haja até violações à Lei de Liberdade de Informação (ou FOA, na sigla em inglês, lei que dá ao cidadão o direito de pleitear o acesso a dados oficiais sigilosos).

ÉPOCA – As mensagens trocadas por Michael Mann e Phil Jones mostram algum sinal de comportamento impróprio?

Curry – Existem várias investigações para avaliar isso. A partir do que eu sei, a resposta seria “sim”.

ÉPOCA – Os inquéritos do comitê científico britânico e da Universidade da Pensilvânia inocentaram Mann e Jones.

Curry – Eu concordo com a conclusão dos inquéritos de que não há evidências de conduta científica errada. Não vi nenhum sinal de plágio ou falsificação de dados no trabalho dos cientistas. Não guardar todos os dados, selecioná-los arbitrariamente e usar métodos estatísticos inadequados não configura erro de conduta. Mas também não inspira confiança no produto da pesquisa. O comportamento desses cientistas, como desqualificar críticas e mostrar pouca transparência, atrasou o levantamento dos dados de temperatura que eles usaram. Mas eu acho que está na hora de parar de focar no comportamento individual e começar a reavaliar todo o processo de avaliação científica do IPCC.

ÉPOCA – O que precisa mudar no IPCC?

Curry – Ele precisa ser mais aberto a opiniões diferentes e à verificação externa. Há uma corrida para publicar artigos em revistas científicas logo antes do fechamento do IPCC. Claramente, os cientistas querem que seus trabalhos sejam incluídos. Há a percepção de que a melhor forma de incluir seu trabalho é apoiar a narrativa básica do IPCC. E os cientistas do IPCC tentam desqualificar pesquisadores que publicam artigos com opiniões contrárias. Além disso, para continuar relevante, o IPCC não pode mais se limitar a resumir a literatura científica a cada cinco anos. Ele precisa abrir o leque de visões científicas sobre o aquecimento e opções políticas para enfrentá-lo.

Fonte: Revista Época

Abraços

Dakir Larara


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Núcleo da Terra gira mais devagar do que se pensava até agora

Um grupo de geofísicos descobriu que o núcleo da Terra gira mais devagar do que se acreditava previamente, afetando o campo magnético, indica um artigo publicado na revista “Nature Geoscience”. O estudo desenvolvido pelo Departamento de Ciências da Terra da Universidade de Cambridge (Reino Unido) detalha que o núcleo do planeta se move mais lentamente do que o grau anual anteriormente considerado, e a velocidade de rotação é inferior a um grau a cada um milhão de anos.

Geofísicos do Reino Unido descobriram que núcleo da Terra gira mais devagar, afetando o campo magnético.

O núcleo interno da Terra cresce mais devagar na medida em que o fluido externo vai se solidificando sobre a superfície do núcleo externo, afirma a pesquisa de Lauren Waszek, e a diferença na velocidade hemisférica leste-oeste deste processo fica congelada na estrutura do núcleo interno.

“Descobrimos que a velocidade de rotação provém da evolução da estrutura hemisférica, e assim demonstramos que os hemisférios e a rotação são compatíveis”, explica Waszek.

Até agora, assinalou a cientista, este era um importante problema para a geofísica. “As rápidas velocidades de rotação eram incompatíveis com os hemisférios observados no núcleo interno, não permitiam tempo suficiente para que as diferenças congelassem a estrutura.”

Para obter estes resultados, os cientistas utilizaram ondas sísmicas que cruzaram o núcleo interno, 5.200 quilômetros abaixo da superfície da Terra, e as compararam com o tempo de viagem das ondas refletidas na superfície do núcleo. Posteriormente, observaram as diferenças na rotação dos hemisférios leste e oeste, e comprovaram que giram de maneira consistente em direção a leste e para dentro, por isso que a estrutura mais profunda é a mais velha.

A descoberta é importante porque o calor produzido durante a solidificação e o crescimento do núcleo interno dirige a convecção do fluido nas camadas externas do núcleo. Os fluxos de calor são os que encontram os campos magnéticos, que protegem a superfície terrestre da radiação solar e sem os quais não haveria vida na Terra.

Waszek disse sobre os resultados: “Eles presentam uma perspectiva adicional para compreender a evolução do nosso campo magnético.”

Fonte: http://www.folha.com


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INPE vai estudar nuvens quentes

Informaçoes interessantes na área de climatogia e dinâmica da atmosfera. Olhem só:

Os processos físicos relacionados à evolução de nuvens de tempestade não são ainda totalmente conhecidos, bem como os modelos de previsão do tempo e do clima que os descrevem. Isso agora poderá começar a mudar, graças ao novo supercomputador do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais). O Tupã vai rodar modelos de maior resolução espacial e, entre várias outras pesquisas, permitir o estudo das chamadas “nuvens quentes”.

Nuvens quentes

Estas nuvens, típicas das regiões tropicais, principalmente em regiões costeiras, e nas quais não se observam partículas de gelo, estão associadas às fortes chuvas que caracterizam eventos meteorológicos extremos. Elas foram responsáveis, por exemplo, pelas chuvas contínuas que provocaram enchentes, em anos anteriores, no Vale do Itajaí, em Santa Catarina, e em 2010 no Rio de Janeiro e nos estados de Alagoas e Pernambuco.

Sensores instalados na asa de um avião de pesquisas coletaram dados no interior de nuvens durante o GPM Chuva 2010.[Imagem: Inpe]

As chuvas provocadas por essas nuvens não são consideradas nas estimativas de precipitação dos atuais satélites em órbita. Segundo Luiz Augusto Machado, pesquisador do Centro de Previsão do Tempo e Estudos Climáticos (Cptec) do Inpe, os resultados das novas pesquisas nesta área serão incorporadas ao satélite brasileiro, a ser lançado em 2015, como parte da constelação de satélites do programa GPM (Global Precipitation Measurement), liderado pelas agências espaciais dos Estados Unidos (Nasa) e do Japão (Jaxa).

Os resultados da pesquisa devem ser aplicados também à área de mudanças climáticas, em análises dos efeitos dos aerossóis (partículas de queimadas) na formação de nuvens de chuva e na modelagem de alta resolução espacial que deverá detalhar melhor estes processos.

Estudos das nuvens

Cinco grupos de trabalho criados dentro do projeto atuarão de forma interativa a partir das seguintes áreas de pesquisa:

  1. Características e ciclo de vida de sistemas de precipitação por região;
  2. Estimativa de Precipitação – desenvolvimento e algoritmo de validação;
  3. Processos de eletrificação: das nuvens às tempestades; Características das camadas limites para diferentes processos de evolução das nuvens e de regimes de precipitação;
  4. Modelo de aprimoramento e validação, com ênfase na microfísica de nuvens e interações de aerossol, para estimativas de precipitação por satélite no Brasil.

Sete regiões com diferentes regimes de chuva e padrões climáticos foram escolhidas para a realização das campanhas científicas que contarão com a participação da NOAA, Nasa, universidades dos Estados Unidos e da Europa.

Estão programados três experimentos para 2011: o primeiro, em Fortaleza (CE), em abril; depois em Belém (PA), em junho, e em São Luiz do Paraitinga (SP), no final do ano.

Para as medições, serão utilizados os seguintes equipamentos: radar polarimétrico, Lidar, radiômetro de micro-onda, disdrômetros, radiossondas, entre outros instrumentos.

Abraços

Dakir Larara


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Última fronteira intocada da Terra prestes a ser alcançada

Olá pessoas!! Essa notícia é interessante, pois resgata informações já publicadas anteriormente sobre o Lago Vostok. Vale a pena dar uma lida.

Vidas desconhecidas

Se algum ambiente da Terra ainda pode ser considerado totalmente intocado, este é o caso do Lago Vostok. Até hoje “visto” apenas por radar, o lago está escondido nas profundezas da Antártica, coberto por uma camada de 4 quilômetros de gelo.

O que pode haver no ambiente intocado do Lago Vostok ninguém sabe, mas as especulações incluem formas de vida únicas, que evoluíram de forma independente. [Imagem: SCAR]

Os cientistas acreditam que ele está assim, selado e isolado do restante do macroambiente terrestre, aí incluída a atmosfera, há pelo menos 14 milhões de anos. O que pode haver lá ninguém sabe, mas as especulações incluem formas de vida únicas, que evoluíram de forma independente.

O fato é que, o que quer que viva no Lago Vostok, são organismos muitos antigos – ou, quem sabe, formas de vida totalmente desconhecidas.

Preservação

Mas esse suspense não vai durar por muito tempo. O Secretariado do Tratado da Antártica, o organismo supranacional que cuida da preservação do continente, autorizou a primeira captura direta de uma amostra de água do Lago Vostok. Os pesquisadores do instituto russo AARI (Arctic and Antarctic Research Institute) já estão a postos, e esperam que sua perfuratriz atinja o até agora insondável Lago Vostok ainda em Janeiro. A grande preocupação do Secretariado era evitar qualquer contaminação das águas intocadas do lago.

A autorização foi dada depois que os russos idealizaram uma técnica de exploração bastante engenhosa, em que a pressão da água do próprio lago irá empurrar todo o aparato de perfuração para cima, congelando-se em seguida e selando novamente o Lago Vostok. Na verdade, a proposta foi feita em 1998. Seguiram-se etapas exaustivas em que especialistas questionavam cada chance de erro do procedimento proposto pela equipe. Mas parece que eles conseguiram convencer a todos.

Fronteira desconhecida

Agora que a autorização foi dada, os pesquisadores russos, sediados na estação que também leva o nome de Vostok, correm contra o tempo, à medida que se aproxima o fim da estação de pesquisas na Antártica. Segundo Valery Lukin, do AARI, a base do novo poço está agora a 3.650 metros, mais ou menos 100 metros acima do lago.

“Nós primeiro vamos usar uma broca mecânica e [a mistura tradicional de] freon e querosene para atingir 3.725 metros. Então, uma nova cabeça de perfuração termal especialmente desenvolvida, usando um fluido limpo à base de óleo de silicone e equipada com uma câmera, vai passar pelos últimos 20 a 30 metros de gelo.”

Embora o Lago Vostok seja bem conhecido a partir de dados sismológicos e de radar, essas informações não são precisas o suficiente para determinar exatamente a que profundidade está a fronteira entre o gelo e a superfície líquida do lago.  Conforme Lukin, em entrevista ao jornal The Voice of Russia, os métodos geofísicos utilizados têm uma margem de erro de 20 metros.

“Assim, a fronteira gelo-água pode estar localizada entre 3.730 e 3.770 metros. Nós esperamos, mas não temos certeza que será possível, alcançar o lago durante esta estação Antártica, porque não podemos avançar mais do que 4 metros por dia, dadas as circunstâncias,” relatou.

Com isso, os cientistas não conseguem prever com exatidão quando seu mecanismo automático entrará em ação e trará à superfície as amostras tão esperadas, uma verdadeira cápsula do tempo, isoladas da atmosfera e da biosfera terrestre por milhões de anos.

“Naturalmente, será um excelente material natural para desenvolver tecnologias, resolver problemas de engenharia e conduzir experimentos voltados para a busca de vida em outros planetas do Sistema Solar,” completou Lukin.

O gigantesco lago subglacial está a quase quatro quilômetros abaixo da estação russa Vostok, de onde a saída é bem sinalizada, embora os caminhos sejam longos. [Imagem: I.E.Frolov/AARI]

Lagos na Antártica

O glaciologista russo Igor Zotikov foi o primeiro a propor a existência de lagos abaixo da superfície da Antártica. Ele estimou que o calor do solo da Antártica fundiria o gelo, e a grossa camada de gelo acima funcionaria como uma espécie de garrafa térmica, fazendo com que a água em estado líquido se acumulasse.

Mais tarde, dados sísmicos e de radar confirmaram a existência de um gigantesco lago abaixo da estação russa Vostok. O lago, que herdou o nome da estação, tem 20 mil quilômetros quadrados de área e uma profundidade de 740 metros de água líquida. Atualmente já são conhecidos mais de 150 desses lagos subglaciais.

Fonte: http://www.inovacaotecnologica.com.br


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Sensores acústicos conseguem prever deslizamentos de terra

Engenheiros ingleses desenvolveram um novo sistema baseado em sensores acústicos que alerta sobre a iminência de um deslizamento de terra. O sistema funciona “ouvindo” o comportamento acústico do solo para determinar quando um deslizamento de terra está para acontecer.

O ruído gerado pelo movimento de terra sob a superfície aumenta gradativamente conforme a inclinação torna-se instável. Assim, medir o aumento da taxa de som gerado permite uma previsão exata de um colapso catastrófico do solo. [Imagem: EPSRC]

O alarme pode permitir a adoção de medidas preventivas ou, na pior das hipóteses, permitir que a população das áreas de risco seja retirada antes da ocorrência do acidente. A técnica foi desenvolvida por pesquisadores da Universidade de Loughborough e do Serviço Geológico Britânico.

Ouvindo a terra

O ruído gerado pelo movimento de terra sob a superfície aumenta gradativamente conforme a inclinação torna-se instável. Assim, medir o aumento da taxa de som gerado permite uma previsão exata de um colapso catastrófico do solo.

“Da mesma forma que dobrar um palito de sorvete gera ruídos na fissura que se acumulam até que ele se quebre, o movimento de terra antes de um deslizamento gera aumento das taxas de ruído,” explica o professor Neil Dixon, um dos responsáveis pelo projeto.

As taxas do ruído criado pelo atrito interpartículas são proporcionais às taxas de movimentação do solo, o que significa que um aumento das emissões acústicas é um indicador direto de que a inclinação está mais perto da falha. Esse efeito já é conhecido desde os anos 1960, mas a equipe do professor Dixon foi a primeira a desenvolver uma técnica para capturar e processar as informações e, sobretudo, estabelecer uma conexão entre o ruído e a taxa de deslocamento do solo enquanto o evento está acontecendo.

Sensores no solo

O sistema de detecção consiste de uma rede de sensores enterrados por toda a encosta ou talude que apresenta risco de colapso. Os sensores, que funcionam como se fossem microfones no subsolo, registram a atividade acústica do terreno em toda a encosta. Cada sensor transmite um sinal para um computador central para análise, de onde pode ser disparado o alarme em caso de necessidade.

O alarme tanto pode ser uma sirene, no caso de áreas povoadas, quanto de mensagens de texto para as autoridades responsáveis, permitindo-lhes paralisar o trânsito em rodovias ou acionar o departamento de obras para tentar estabilizar o solo. O próximo passo da pesquisa é miniaturizar o sistema e incorporar a capacidade de processamento nos próprios sensores, dispensando o uso de um computador central, o que permitirá o uso do sistema em locais remotos.

Recentemente um grupo de pesquisadores italianos apresentou um sistema semelhante, que usa uma rede de sensores sem fios para monitorar uma montanha sujeita a deslizamentos.

Fonte: http://www.inovacaotecnologica.com.br