Blog do Daka

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Hiato do aquecimento global gera polêmica no painel do clima em Estocolmo, na Suécia.

Reunido em Estocolmo, na Suécia, o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) dilvulgou na sexta-feira (27 de setembro de 2013)  um relatório crucial, mas permeado de polêmicas, sobre o aquecimento global.

Por um lado, há um relativo consenso dos membros do IPCC sobre o impacto da atividade humana no aumento da temperatura global. Segundo o painel, há hoje 95% de certeza de que “a influência humana no clima é responsável por mais da metade dos aumentos médios de temperatura observados entre 1951 e 2010”.

No entanto, a polêmica se intensifica quando a discussão gira em torno da desaceleração do aquecimento, que vem ocorrendo desde 1998, com muitos demandando mais explicações sobre o fenômeno.

Desde 2007, há um crescente foco no fato de que as temperaturas médias globais não terem subido acima do recorde histórico, em 1998.

Hiato, pausa ou reversão da tendência de aquecimento global? Cientistas estão em uma verdadeira batalha na Suécia para definir o que dizer ao mundo sobre o clima. [Imagem: MET Office]

No rascunho, o painel concorda que “a taxa de aquecimento nos últimos 15 anos é mais baixa do que as tendências anteriores.” Essa desaceleração, ou hiato, como o IPCC classifica a reversão na tendência, tem sido usada como argumento para dizer que está errada a “crença científica” de que a emissão de gás carbônico na atmosfera aumenta a temperatura do planeta.

Para alguns, essa conclusão sobre o impacto negativo das emissões de gás carbônico é exagerada. No entanto, a polêmica se dá porque a maioria dos cientistas concorda que o aquecimento tem-se mantido linear nesse período, mas justamente porque a maior parte do calor teria ido para o oceano.

Sendo assim, a superfície terrestre estaria, sim, enfrentando uma pausa no aquecimento, mas porque a energia presa pelos gases do efeito estufa estaria ficando submersa debaixo da superfície do oceano, “transferindo” o aumento de temperaturas.

Mas as tensões se agravam porque os cientistas estão longe de um consenso sobre os mecanismos envolvidos nesse processo – por que o calor teria começado a ir para o oceano.

Cautela

Pesquisadores de todo mundo estão trabalhando para analisar estudos e produzir um documento que represente o estado atual do aquecimento global. No dia 24 de setembro foi divulgado a primeira parte desse amplo relatório, que focou a ciência por trás das mudanças de temperatura na atmosfera, nos oceanos e nos pólos. Novas estimativas foram fornecidas sobre a escala do aquecimento global e seu impacto nos níveis do mar e nas camadas de gelo.

Porém, muitos cientistas ao redor do mundo, que não estão diretamente ligados ao IPCC, como o Dr. Roy Spencer (Professor e Pesquisador da Universidade do Alabama, EUA, e atual Pesquisador Senior da NASA sobre Estudos Climáticos) e a PhD Judith A. Curry (Professora de Ciências Atmosféricas e da Terra, Pesquisadora do Instituto de Tecnologia da Georgia, EUA), discordam completamente da CIÊNCIA que fundamenta as teses produzidas pelo IPCC sobre as mudanças climáticas.

Ao contrário do que a mídia insiste em nos colocar, não existe consenso científico e acadêmico sobre as causas do aquecimento global. E esses cientistas citados acima, como muitos outros ao redor do mundo e até mesmo no Brasil, como o Professor Dr. Luiz Carlos B. MOLION, estão na contra-mão do discurso do IPCC, fazendo esse contra-ponto com muitos argumentos interessantes e que nos fazem refletir.

Fonte: inovacaotecnologica.com.br

Abraços

Dakir Larara


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Estudos brasileiros mostram imprecisão (para menos) em dados do IPCC! E adivinhem… Não foi do INPE…

O Laboratório de Biogeoquímica Ambiental da USP divulgou dois estudos que divergem acentuadamente dos dados padrão do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), órgão mundial que estuda as mudanças climáticas globais.

Os agrônomos Arlete Simões Barneze e Gregori Ferrão analisaram as emissões do óxido nitroso (N2O), considerado um dos principais causadores do aquecimento global, apresentando capacidade de aquecimento global cerca de 300 vezes superior ao “famigerado” dióxido de carbono (CO2).

Simões desenvolve sua pesquisa de mestrado orientada pelo professor Carlos Cerri. Os estudos de Ferrão compõem sua tese de doutorado, orientada pela professora Brigitte Feigl.

“Muitas das informações utilizadas pelo IPCC são coletadas e produzidas em regiões de clima temperado. Esse fato produz certa imprecisão em relação à realidade do Brasil, que é um país de clima tropical, em quase sua totalidade”, afirma o professor Carlos Cerri.

No Brasil, a emissão de N2O tem um grande impacto devido, principalmente, às características da pecuária de corte brasileira.

“Ao pastar, o animal aproveita o nitrogênio contido nas plantas como proteína vegetal e converte em proteína animal para o seu desenvolvimento. Porém, essa conversão não é muito eficiente e quase 80% dos compostos nitrogenados ingeridos são eliminados pela urina”, explica Arlete.

Como o Brasil possui um rebanho superior a 200 milhões de cabeças, 40% das emissões de N2O dos animais em pastagens provêm da urina, contra apenas 7% provenientes dos fertilizantes à base de nitrogênio.

E é aqui que a disparidade com os dados do IPCC aparecem, pois, para o Painel sobre Mudanças Climáticas, a emissão do óxido nitroso proveniente da urina bovina é 2% do nitrogênio aplicado no solo.

“Esses valores não refletem a realidade do nosso país, já que esses números ocorrem em regiões de clima temperado e de diferentes sistemas de produção animal como, por exemplo, o confinado. No Brasil, onde 85% dos animais são criados a pasto, determinamos um valor 10 vezes menor do que o indicado pelo IPCC”, elucida Arlete.

A pesquisa de Gregori Ferrão segue na mesma direção ao apontar incoerências nos números do IPCC, que subestimam as emissões do óxido nitroso no que diz respeito aos solos agrícolas, onde a aplicação de fertilizantes nitrogenados, necessários às culturas, é a principal responsável pela formação deste gás.

Internacionalmente, a metodologia mais utilizada e aceita pelos técnicos do Painel sobre Mudanças Climáticas para quantificar os fluxos totais de N2O, em uma determinada área não alagada, baseia-se na alteração dos gases no interior de câmaras instaladas sobre o solo.

“Já existem diversos trabalhos que sugerem que as plantas também são agentes desta dinâmica de fluxos entre o solo e a atmosfera. Porém, esse fator não é contabilizado na quase totalidade das pesquisas existentes”, afirma Gregori.

Os resultados de Ferrão apontam que, ao negligenciar esta via emissora, pode-se estar subestimando em até 20% do fluxo total de N2O emitido por área de cultivo. “Pelo método que criamos, encontramos uma defasagem significativa, o que mostra a importância de aferir e calibrar esses dados”, avalia.

Fonte: inovacaotecnologica.com.br

Dakir Larara


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Judith Curry: “Não tenho medo do clima”.

Entrevista interessante de uma renomada pesquisadora estadunidense sobre a temática do aquecimento global, mudanças climáticas e a credibilidade do IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas). Olha só hein… Não é que o Professor Luiz Carlos Molion, – pesquisador senior em climatologia no Brasil -, uma das únicas vozes aqui no país que contrapõe alguns dados produzidos pelo IPCC e que criticou de forma contundente o CLIMATEGATE (vazamento de e-mails dos até então renomados pesquisadores Phil Jones e Michael Mann da universidade de East Anglia, UK), está influenciando alguns membros do IPCC…

Segue a entrevista que a pesquisadora Judith Curry prestou à Revista Época. Espero que gostem!!!

Pesquisadora americana diz que ainda há muita incerteza sobre o aquecimento global.

Os furacões são a especialidade de Judith Curry, diretora da Escola de Ciências da Terra e da Atmosfera, do Instituto de Tecnologia da Geórgia, nos Estados Unidos. Agora ela está no olho da tempestade. A confusão começou no fim do ano passado, quando Judith fez críticas públicas aos pesquisadores Michael Mann, da Universidade Estadual da Pensilvânia, nos Estados Unidos, e Phil Jones, da Universidade de East Anglia, no Reino Unido, acusados de distorcer dados científicos, a partir de e-mails vazados. Jones e Mann foram inocentados por investigações das universidades e do comitê científico britânico. Mas Judith afirma que o problema de credibilidade não acabou. Ela não questiona que a Terra esteja esquentando. Nem que isso seja causado por emissões humanas. Mas afirma que são exageradas as previsões catastróficas emitidas pelo IPCC, o painel de cientistas reunido pela ONU.

QUEM É
É diretora da Escola de Ciências da Terra e da Atmosfera, do Instituto de Tecnologia da Geórgia, nos Estados Unidos

O QUE FEZ
Publicou recentemente artigos em que critica cientistas do clima, integrantes do IPCC, o painel da ONU

ATUAÇÃO CIENTÍFICA
Foi do conselho da Sociedade Americana de Meteorologia. Editou a revista Journal of Applied Meteorology. Já trabalhou para a Nasa, a agência espacial americana

 

ÉPOCA – A senhora tem medo das consequências das mudanças climáticas?

Judith Curry – Existem riscos significativos associados a elas. Toda essa questão de o que são as mudanças climáticas “perigosas” não foi adequadamente avaliada. Mas não estou pessoalmente amedrontada com isso.

ÉPOCA – Os cientistas estão cumprindo sua missão de informar o público?

Curry – A percepção pública de que o aquecimento global é uma emergência planetária provavelmente teve seu auge entre 2005 e 2007, com o Furacão Katrina e o filme de Al Gore. Desde então, o interesse vem caindo. O ceticismo com as mudanças climáticas agora questiona se os impactos do aquecimento são grandes ou predominantemente adversos. E se algo pode ser feito para melhorar a situação. O debate público se deteriorou para tentativas de desacreditar ou censurar os cientistas. E o que vemos são propagandas para influenciar a política, e não para informar o público.

ÉPOCA – Qual é o risco disso?

Curry – Muitos pesquisadores, genuinamente preocupados com os riscos do aquecimento, inclusive eu mesma, estão desapontados com as decisões políticas para enfrentar o desafio climático. Para começar, creio que é preciso fazer alterações no IPCC, para restabelecer sua credibilidade. O processo precisa ser mais aberto. É preciso selecionar melhor os autores e os revisores. Uma equipe de inspetores deve supervisionar o processo e investigar queixas. Diante do vazamento de e-mails, devemos mudar a maneira de avaliar as incertezas. Muitas vezes, nos relatórios do IPCC, um mero julgamento de um especialista substituiu a análise científica rigorosa do grau de incerteza dos dados. Estamos falando de imprecisões na hora de ajustar os dados de temperatura para compensar os efeitos de calor urbanos (o crescimento das cidades, com a concentração de cimento e asfalto, aumenta a temperatura artificialmente na região). Ou para preencher regiões da Terra para onde não há dados disponíveis.

ÉPOCA – O que ainda não sabemos sobre as mudanças climáticas?

Curry – Há muitas incertezas ainda. Elas estão associadas aos registros de temperatura no passado. E também aos modelos climáticos que os pesquisadores rodam no computador para simular os comportamentos da atmosfera e fazer estimativas para o futuro.

ÉPOCA – Será que a ciência já consegue estabelecer o grau de seriedade da crise climática?

Curry – Não se sabe ao certo quanto do aquecimento ocorrido na segunda metade do século XX pode ser atribuído à ação humana. E ainda não são exatas as projeções para o aquecimento previsto para este século.

ÉPOCA – Devemos esperar que essas incertezas sejam reduzidas ou eliminadas antes de tomarmos atitudes que evitem as piores consequências das mudanças climáticas?

Curry – Não é o que estou sugerindo. As incertezas não podem ser eliminadas. Nós tomamos decisões o tempo todo diante de situações incertas. Só que o grau de imprecisão nas previsões precisa ser levado em conta no processo decisório. As chances de consequências trágicas do aquecimento são no mínimo tão altas quanto as de que houvesse armas de destruição em massa no Iraque. No fim, elas não existiam, mas nós fomos à guerra assim mesmo. Temos um histórico de decidir agir para evitar coisas ruins mesmo quando a probabilidade é baixa.

Não se sabe quanto do aquecimento ocorrido na segunda metade
do século XX pode ser atribuído à ação humana “

ÉPOCA – Como discernir os céticos legítimos dos lobistas da indústria que apenas desejam aumentar a confusão?

Curry – A questão fundamental gira em torno de dados e modelos científicos. O cético genuíno fará argumentos e debaterá a partir disso nas revistas científicas ou nos blogs técnicos.

ÉPOCA – A senhora vê alguma campanha de lobby da indústria dos combustíveis fósseis para aumentar a confusão?

Curry – Isso existe também. Mas não vejo como um fator importante no ceticismo geral em relação às mudanças climáticas. A maioria das pessoas que escrevem contra o controle de emissões usa argumentos políticos ou econômicos. Elas não se importam com a ciência. Nem se poderia chamá-las de céticas. Há outros céticos com formação científica. Mas poucos recebem algum dinheiro das empresas de petróleo ou carvão. Entidades como o Instituto de Empresas Americanas ou o Instituto para Empresas Competitivas estão preocupadas com políticas que possam afetar a competitividade dos Estados Unidos e de nossa economia. Por isso, gastam tempo e dinheiro organizando conferências e exigindo informações dos pesquisadores do clima.

ÉPOCA – Como a senhora vê a controvérsia gerada pelos e-mails que vazaram na Universidade de East Anglia?

Curry – Os e-mails alimentam preocupação sobre os métodos usados para construir a sequência histórica de temperaturas na superfície da Terra nos últimos 1.000 anos. É o chamado “taco de hóquei” (que mostra um longo período de temperaturas mais baixas e uma elevação brusca nos últimos anos, como a ponta do taco). Além disso, os e-mails levantam dúvidas sobre o comportamento dos cientistas em relação ao processo de avaliação por colegas de cada estudo, antes de ele ser publicado em revistas científicas. E talvez haja até violações à Lei de Liberdade de Informação (ou FOA, na sigla em inglês, lei que dá ao cidadão o direito de pleitear o acesso a dados oficiais sigilosos).

ÉPOCA – As mensagens trocadas por Michael Mann e Phil Jones mostram algum sinal de comportamento impróprio?

Curry – Existem várias investigações para avaliar isso. A partir do que eu sei, a resposta seria “sim”.

ÉPOCA – Os inquéritos do comitê científico britânico e da Universidade da Pensilvânia inocentaram Mann e Jones.

Curry – Eu concordo com a conclusão dos inquéritos de que não há evidências de conduta científica errada. Não vi nenhum sinal de plágio ou falsificação de dados no trabalho dos cientistas. Não guardar todos os dados, selecioná-los arbitrariamente e usar métodos estatísticos inadequados não configura erro de conduta. Mas também não inspira confiança no produto da pesquisa. O comportamento desses cientistas, como desqualificar críticas e mostrar pouca transparência, atrasou o levantamento dos dados de temperatura que eles usaram. Mas eu acho que está na hora de parar de focar no comportamento individual e começar a reavaliar todo o processo de avaliação científica do IPCC.

ÉPOCA – O que precisa mudar no IPCC?

Curry – Ele precisa ser mais aberto a opiniões diferentes e à verificação externa. Há uma corrida para publicar artigos em revistas científicas logo antes do fechamento do IPCC. Claramente, os cientistas querem que seus trabalhos sejam incluídos. Há a percepção de que a melhor forma de incluir seu trabalho é apoiar a narrativa básica do IPCC. E os cientistas do IPCC tentam desqualificar pesquisadores que publicam artigos com opiniões contrárias. Além disso, para continuar relevante, o IPCC não pode mais se limitar a resumir a literatura científica a cada cinco anos. Ele precisa abrir o leque de visões científicas sobre o aquecimento e opções políticas para enfrentá-lo.

Fonte: Revista Época

Abraços

Dakir Larara