Blog do Daka

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Fazenda espacial começará a ser testada na Antártica

Éden no espaço

Enquanto procuram ardentemente por exoplanetas na zona habitável, os humanos também se dedicam cada vez mais a preparativos para viver fora da zona habitável da Terra.

Isso inclui primariamente as viagens espaciais, certamente, mas não só. As preocupações ambientais estão levando cada vez mais pesquisadores para as regiões polares, e lá também é difícil manter laboratórios “sustentáveis” – que possam produzir seu próprio alimento, pelo menos.

A DLR, a agência espacial da Alemanha, está desenvolvendo fazendas modulares que possam ser enfiadas dentro de invólucros adequados a cada uma dessas situações.

O protótipo da estufa “Estufa Eden ISS” será testado na estação polar alemã Neumayer III, na Antártica, mas o projeto já prevê a nova etapa, em que tudo será acondicionado em formato de tubo e enviado ao espaço – primeiro para a Estação Espacial Internacional (daí o ISS no nome desse “jardim do Éden” miniaturizado) e, mais no futuro, para a Lua ou Marte.

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A Antártica será o primeiro passo para a aestufa alimentar humanos no espaço, na Lua e em marte (Fonte: DLR)

Aeroponia

“Primeiro de tudo, precisamos fornecer as necessidades básicas das plantas na estufa polar, que não podem ser presumidas como existentes na Antártica,” explicou Paul Zabel, coordenador do projeto. “Tubos para fornecer água em quantidades adequadas, lâmpadas para fornecer a luz adequada e até filtros e bicos para aspergir uma solução promotora do crescimento [das plantas] devem ser colocados e postos para funcionar.”

Afinal, manter a água em estado líquido é um desafio nos -30º C da Antártica, e as plantas vão precisar de luz durante a escuridão da noite polar, que dura meses. Isto sem contar um isolamento térmico que permita uma temperatura adequada aos vegetais. Sem dúvida, um bom teste para uma estufa espacial.

As plantas serão cultivadas por um processo chamado aeroponia: “A água não é fornecida diretamente às plantas, ela é controlada por computador para adicionar uma solução especial de nutrientes. A cada cinco a 10 minutos, as plantas são aspergidas automaticamente com essa mistura de água e nutrientes, de forma que elas podem ser cultivadas completamente sem solo,” explicou Zabel.

Além de evitar problemas de contaminação, o cultivo aeropônico evita a necessidade de carregar grandes quantidades de solo, e a água pode ser reutilizada continuamente.

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Todo o sistema já foi projetado para ser construído na forma de um laboratório espacial, que possa ser anexado à Estação Espacial Internacional ou a uma nave de longo alcance. (Fonte: DLR)

Agricultor do futuro

E enquanto a fama do CO2 vai de mal a pior por conta do aquecimento global, o gás da vida – as plantas respiram dióxido de carbono – terá que ser levado em cilindros pressurizados, o que ajudará a manter o ambiente livre de germes e esporos – com a ajuda de um conjunto de filtros e um sistema de esterilização por ultravioleta. Isto porque, já prevendo o uso da estufa no espaço, o circuito de fornecimento de ar é completamente fechado, incluindo uma escotilha, pela qual Zabel entrará diariamente na estufa para monitorar tudo e, eventualmente, fazer a colheita.

Todo o sistema está sendo montado em um laboratório da DLR na cidade de Bremen, onde serão feitos testes iniciais sem os rigores das “zonas inabitáveis”. A estufa polar deverá ser levada para a Antártica em Outubro de 2017.

Fonte: http://www.inovacaotecnologica.com.br


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Aula 1 e 2 de Fundamentos de Ecologia disponível!

Alô, alô alunas e alunos da disciplina de Fundamentos de Ecologia A!! Está disponível para download imediato, a aula 1 e 2 da nossa disciplina, bem como o plano de ensino. Basta clicar nos links abaixo para que o download seja feito 😉

Aula 1 e 2

Plano da disciplina

Abraços e beijos

Dakir Larara


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Há alternativas ao conceito de desenvolvimento sustentável?

A utopia do desenvolvimento sustentável foi o tema do debate que reuniu cientistas, escritores e até a presidente da República na 2ª Bienal Brasil do Livro e da Leitura, em Brasília. Em uma das mesas de discussão, o escritor moçambicano Mia Couto criticou a ideia de que a natureza pode ser “controlada, administrada”.

Crítico da ideia de desenvolvimento sustentável, o escritor e também biólogo avalia que a ideia de desenvolver traz uma negação: “Estamos retirando o núcleo central, o ambiente. E essa negação é a negação da identidade cultural dos povos que foram expropriados”. Povos cujos modos de vida poderiam inspirar uma relação do homem com a natureza, que seja baseada no respeito e não na compreensão “de que a natureza pode ser vista como um recurso natural”, segundo Mia Couto.

Para ele, é preciso localizar as razões pelas quais o mundo enfrenta, hoje, uma crise ambiental profunda: “Esse sistema não está mal porque não anda bem. Está mal porque produz miséria, desigualdade, causa ruptura em modos que vida que aí, sim, poderiam ser sustentáveis”.

Comportamento dos seres humanos

O presidente de Gana, Dramani Mahama, que é historiador e especialista em uso de tecnologia para a agricultura, alertou para a necessária mudança no comportamento dos seres humanos. “Se não criarmos uma teoria que nos ajude a sustentar a raça humana no mundo e continuarmos com essas taxas de consumo, o que vai acontecer com a raça humana?”, questionou Mahama, ao destacar que a população joga fora diariamente a mesma quantidade de alimento que consome, e que, por outro lado, falta alimento a parte da população.

“Nós precisamos aprender a existir com todas as espécies em nosso planeta, que é o único que temos. E nós só vamos aprender se mudarmos nosso conceito de felicidade e de bem-estar“, disse ele.

Tecnologia e a inteligência humana

A mudança de paradigma, que conduza a outra relação com a natureza, para os debatedores, deve começar desde já. A tecnologia e a inteligência humana devem ser usadas como ferramentas para a superação da crise atual, e a literatura deve ser capaz de despertar sensibilidades e reflexões.

Mia Couto disse que a literatura pode, desde já, “mostrar que o ambiente não é assim como nós o arrumamos; mas é tudo; não está fora de nós; está dentro de nós. A literatura pode fazer, e deve fazer essa denúncia daquilo que é uma espécie de fabricação permanente da desigualdade e da miséria”, afirmou. Crítico da situação atual, o escritor alertou:

“Nós estamos falando de uma situação que poderá ser catastrófica. Mas para dois terços da humanidade, essa catástrofe já está aqui e vem por causa da fome e da guerra,” concluiu ele.

Fonte: http://www.inovacaotecnologica.com.br

Abraços

Dakir Larara


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Como Funcionam as Asas dos Pássaros

Eu também sempre achei que as asas dos pássaros simplesmente desciam e subiam e que era o fato de empurrar o ar para baixo que os fazia ficar voando no ar.

Mas não é só descer-e-subir não. Quando descem, as penas das asas ficam bem coladas umas às outras, para não deixar o ar passar, criar resistência e fazer com que um maior volume de ar seja empurrado para baixo. Quando sobem, as penas das ficam espaçadas, deixando o ar passar entre elas – empurrando o mínimo possível de ar para cima.

Sacou?

Além disso, a trajetória do movimento das asas não são exatamente iguais quando estão subindo e descendo. Veja essas e outras maravilhas da aerodinâmica da natureza no vídeo abaixo.

(Dá para ativar legendas em português clicando no respectivo ícone no player.)

Abraços

Dakir Larara


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Como costurar um Planeta

“Pare de falar de Holoceno! Estamos no Antropoceno”

Hein? Como? É…pití de cientista é assim… dramático e complexo.

Foi assim que, num surto, o químico e ganhador de Prêmio Nobel Paul Crutzen interrompeu o palestrante no meio de uma importante conferência global (The Effects of Ozone-Depleting Compounds), cheia de cientistas e gente inteligente, há 10 anos, lá na Holanda. [Cabe salientar que a minha amada orientadora do doutorado, Dirce Suertegaray, já afirmava isso bem antes do tal Crutzen. Lá nas aulas da disciplina de Geomorfologia (de forma sintética, estuda o relevo e seus processos geradores) em meados dos anos 90 ela dizia: “Para muitos autores e para mim, estamos no período Quinário (ou Antropoceno) e na época Tecnogênica…”.]

O tal Holoceno, é uma época que se iniciou na última Era do gelo (há 12 mil anos) e se extende até hoje. E como você deve saber, “antropo” significa “homem”. O que Paul Crutzen  e Dirce Suertegaray quiseram dizer é que essas eras sempre foram medidas pelo impacto do planeta sobre o homem. Mas, agora as coisas se inverteram, e o impacto do homem sobre o planeta é, pela primeira vez na história, mais relevante. Portanto, agora é “Antropoceno“. Ou seja, pela primeira vez conseguimos criar um impacto sobre o planeta equiparável a uma era glacial.

No Terra vs. terráqueos, viramos o jogo.

MAS O QUE FOI QUE FIZEMOS?

Fizemos o maior liga-pontos do universo conhecido. Estamos construindo há milhões de anos uma malha de ligações entre pessoas. Criamos desenhos, estradas, pontes, línguas, alfabetos, livros, postes de luz, antenas, cabos submarinos de internet. Tudo o que foi (e for) possível para nos ligar uns aos outros, apesar de umas guerras aqui e acolá. Queremos nos unir, nos aproximar e com o perdão da palavra desgastada, nos conectar. E quanto mais a gente consegue, mais rápido criamos novas ligações.

De certa forma, parafraseando o biologista E. O. Wilson, posso afirmar que  o nosso padrão deixou de ser o do primata e ficou mais bacteriano. Nosso planeta que era assim como esse primeiro frame do video abaixo, ficou… (essa é a deixa para você dar o play)

… assim:

Parece linguagem de tecnologia, mas eu enxergo poesia pura, de emocionar mesmo. Vamos ver o que fazemos daqui para frente, já que estamos de mãos dadas, mais íntimos. Torço por orgiais cerebrais homéricas. O video é uma criação da Globaia.

Abraços

Dakir Larara


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Belo Monte – UFPA revisa número de atingidos por inundações para mais!!!

Estudos feitos por contratada da Norte Energia diziam que alagamento atingirá 16,4 mil pessoas na zona urbana de Altamira, mas pesquisa que adotou apenas referências aprovadas pelo IBGE indica que número de atingidos será de 25,4 mil moradores

O número de moradores de Altamira que serão impactados diretamente pela inundação do lago da usina hidrelétrica de Belo Monte poderá ser 55% maior que o registrado nos estudos de impactos ambientais do projeto, concluiu pesquisa feita pelo Instituto de Tecnologia da Universidade Federal do Pará (UFPA). O levantamento, feito a pedido do Ministério Público Federal (MPF), aponta que o total de pessoas atingidas será de 25,4 mil moradores, e não de 16,4 mil, conforme previsão registrada no relatório de impactos ambientais do projeto.

A discrepância entre os resultados é causada, em resumo, porque os cálculos foram feitos a partir de referências diferentes. Enquanto a UFPA se baseou apenas em um marco topográfico homologado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a equipe contratada pela Norte Energia S.A (Nesa) adotou uma série de outros pontos topográficos que estão desatualizados ou que não são do IBGE. Além disso, esses diversos pontos, tecnicamente chamados de Referências de Nível, não estão ligados entre si.

O ponto do IBGE utilizado nas medições feitas pela UFPA, que fica no 51º Batalhão de Infantaria de Selva, em Altamira, foi estabelecido a partir de medidas de 2009. Já alguns dos pontos do IBGE que a contratada da Nesa alega ter utilizado foram medidos em 1976. Por terem sido estabelecidos a partir de critérios técnicos não mais utilizados no país, o próprio IBGE alerta que tais pontos não são muito precisos. Além de utilizar referências ultrapassadas, a equipe contratada pela construtora de Belo Monte também fez medições com base em pontos que não são do IBGE, e sim da Companhia de Habitação do Estado do Pará (Cohab/PA). O problema técnico criado pode ter sido causado, portanto, pelo uso de Referências de Nível heterogêneas, de fontes e épocas diferentes.

Essas duas formas de medir a altura máxima que o lago pode chegar na cidade de Altamira levaram a duas previsões diferentes. Para a UFPA, o nível de segurança de 100 metros abaixo do qual todos os moradores terão que ser retirados pode estar 90 centímetros acima do que calcularam os técnicos e empresas contratados  pela Norte Energia.

Referência internacional – Segundo os relatórios assinados pelos professores de engenharia da UFPA André Augusto Montenegro, Júlio César Aguiar, Evelyn Carvalho e Myrian Cardoso e ainda pela professora da Universidade da Amazônia Andreia Conduru Cardoso, o ponto adotado por eles na pesquisa (chamado tecnicamente de estação geodésica 99510 ou PAAT) é um marco oficial homologado pelo IBGE como referência internacional e estabelecido “dentro das mais modernas metodologias e técnicas, através de equipamentos altamente sofisticados, por equipe de profissionais de formação sólida e altíssima qualidade do IBGE”.

Em contrapartida, representantes da Nesa afirmaram em audiência pública realizada no final de 2011 na cidade de Altamira, que a referência internacional adotada pela UFPA é que é inadequada, errada em sua altura. A Nesa afirmou na ocasião que por causa do erro do IBGE, o cálculo da UFPA é que estaria incorreto. Para que a questão não fique apenas no plano teórico e a controvérsia seja resolvida antes que efetivamente as águas alcancem suas alturas máximas após a construção da barragem, produzindo danos irreparáveis, o relatório da UFPA propõe que a Nesa promova a realização de um estudo transparente e acompanhado pela sociedade.

“Trabalho que poderá ou deverá ser realizado por uma empresa ou em um projeto específico contratado pela Nesa, mas que adote referências confiáveis e seguras, sob o controle da sociedade civil que, em última análise, é quem efetivamente será impactada ou penalizada”, sugere a UFPA, em função dos altos custos que o referido trabalho demanda.

Entenda o caso:

  • Duas equipes técnicas (uma contratada pela construtora da hidrelétrica e outra da UFPA, convidada pelo MPF) utilizaram formas diferentes de calcular a altura que o lago de Belo Monte pode atingir em Altamira na máxima cheia, altura que determina também quantos e quais moradores perderão suas casas.
  • O MPF fez a solicitação de uma medição independente da cota de segurança para alagamentos diante do histórico das usinas hidrelétricas na região amazônica. Em todas houve erros graves na previsão de alagamento.
  • A UFPA diz que o lago pode chegar a um nível cerca de 90 centímetros mais alto que o nível calculado pelos pesquisadores contratados pela Norte Energia.
  • Em vez de impactar 16,4 mil pessoas, conforme cálculo dos contratados da Norte Energia, o lago inundaria uma área onde vivem 25,4 mil pessoas, segundo avaliação da UFPA.
  • Cada uma das equipes de pesquisadores defende suas conclusões dizendo que a referência ou base de cálculo utilizada pela outra equipe não é a mais adequada.
  • Para solucionar as dúvidas, o relatório da UFPA propõe que a Nesa invista em um trabalho aprofundado, rigoroso e independente, talvez a ser desenvolvido sob a tutoria ou fiscalização técnica do próprio IBGE, trabalho que possa ser acompanhado e avaliado pela sociedade. A proposta tem o apoio do MPF.

Veja na íntegra os estudos da UFPA:

* Relatório de 2012

* Relatório de 2011

* Relatório de 2010

Abraços

Dakir Larara


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Murmuration – Vídeo sensacional!!

Sem palavras… Assitam o vídeo e depois me falem… Sensacional!!!

 

Abraços

Dakir Larara


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Quer ajudar o planeta? Pare de comprar!

Interessante o vídeo da marca Patagonia!! Confiram…

Vejo algumas campanhas até bem intencionadas de fabricantes que te ajudam a reciclar baterias de celular, reciclar caixas de leite, ajudar quem precisa e por ai vai. Mas se pensarmos um pouco isso é tratar de um problema secundário.

O consumo exagerado pode ser a causa de grande parte dos problemas que vivemos hoje, tanto ambientais quanto sociais. Mas até que ponto uma mensagem aderente ao novo momento em que vivemos pode muitas vezes ir ao contrário do que uma marca precisa para viver, que seria que as pessoas continuem comprando aquilo que ela vende.

A marca Patagonia propôs isso. Propõem que seus consumidores diminuam o consumo, que deixem de comprar roupas e que olhem dentro do seus armários, doando roupas que não usam e recolocando-as em circulação. A marca inclusive tem um canal no eBay onde você pode vender suas roupas por lá.

É difícil pensar em quais outras marcas poderiam fazer algo parecido, ainda mais quando se fala naquelas que necessitam de grandes volumes de venda para se manterem rentáveis. Fica o desafio. Todo mundo sai ganhando.

Fonte: updateordie.com

Abraços

Dakir Larara


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Aziz Ab’Saber critica o Novo Código Florestal Brasileiro

Achei importante compartilhar com vocês a opinião de um dos maiores geógrafos brasileiros e mundiais sobre a polêmica temática que envolve o Novo Código Florestal. O homem sabe demais sobre a dinâmica dos processos naturais… Vale muito ler suas ideias.

Ab’Saber: “Se Dilma ouvisse quem entende, não concordaria com Código”. Palavras do Mestre!!!

O geógrafo Aziz Ab’Saber: “Tem gente que tem propriedade de um milhão de hectares na Amazônia”

Por Dayanne Sousa

O geógrafo Aziz Ab’Saber vê com gravidade os rumos da política ambiental brasileira. Enquanto a proposta de reforma no Código Florestal avança e pode ser aprovada em definitivo no próximo mês, estudos apontam erros na concessão de florestas para manejo sustentável. “É muito sério”, sentencia o cientista e professor da Universidade de São Paulo (USP).

– Se a dona Dilma ouvisse os cientistas e pessoas que entendem da Amazônia, ela não iria concordar com o Código – critica. Para ele, a discussão está rodeada por intenções apenas políticas. “Eu acho que o pessoal do governo, sobretudo o pessoal da Agricultura e da Ciência e Tecnologia estão inventando tudo o que podem para fazer política”.

Estudo feito pela Escola Superior de Agricultura Luis de Queiroz (Esalq), da USP, apontou que o manejo sustentável – regulado pela Lei de Gestão de Florestas Públicas de 2006 – não é viável economicamente. Segundo a pesquisa coordenada pelo professor Edson Vidal, o intervalo de 30 anos imposto para o ciclo de corte não permite a recuperação das espécies com maior interesse comercial.

Ab’Saber destaca a pressão de grupos ruralistas e avalia que há um grande interesse pela manutenção de propriedades na Amazônia.

– Muita gente quer espaço como patrimônio, não é para explorar de forma sustentável. Tem gente que tem propriedade de um milhão de hectares na Amazônia. Até gente do exterior.

Leia a entrevista.

Um artigo recente da Escola Superior de Agricultura Luis de Queiroz (Esalq) dá poucas esperanças de sucesso para o chamado manejo sustentável. A pesquisa estabelece que não seria nem mesmo economicamente viável.

Eu acho que o pessoal do governo, sobretudo o pessoal da Agricultura e da Ciência e Tecnologia estão inventando tudo o que podem para fazer política. O pessoal da Esalq tem suas razões. Lá no governo a coisa está muito séria, a Dilma herdou do Lula um quadro extremamente complicado. E ainda colocaram na Ciência e Tecnologia uma pessoa que nunca gostou de ciência, nunca fez ciência. É muito sério, eu não quero nem dar minha opinião porque eu tenho muitos inimigos. Você precisa ver como o Aldo Rebelo ficou furioso comigo porque eu fiz uma crítica séria da revisão do Código Florestal que ele queria.

Um embate inevitável…

Um dia desses o jornal colocou um morrinho baixinho com um pouquinho de árvore em cima para interpretar as bobagens que o Aldo falou sobre proteção de topos de morro. Só que ele não sabe nada sobre as cimeiras de certas áreas que tem terras altas. Nas regiões intermediárias de 100, de 150 metros de terrenos cristalinos e solo vermelho, tem que conservar toda a cimeira, não é um “morrotezinho”. E essas pessoas não sabem enxergar o que está perto dos seus olhos. Aí começa a fazer desenho, deixar que os jornalistas – que não têm culpa – pensem que é um morrotezinho, mas é uma cimeira de serranias florestadas, como é a Cantareira. E a zona costeira também tem outros problemas, precisa de proteção. É preciso conhecer o Brasil!

A política de concessão de florestas tem que ser revista?

Eles estão querendo, em cima do erro grande que já foi feito sobre a revisão do Código Florestal, ampliar a possibilidade de usar espaços em áreas que são reservas integradas na Amazônia. É uma coisa a mais. Precisa ser entendida pela pressão que a dona Kátia Abreu (DEM-TO) e outros estão fazendo. Eles querem é o espaço da Amazônia. Muita gente quer espaço como patrimônio, não é para explorar de forma sustentável.

Se essas alternativas não funcionam, como então cumprir a proposta de aliar desenvolvimento econômico com preservação?

A alternativa é não ampliar o espaço da Reserva Legal das propriedades. Tem gente que tem propriedade de um milhão de hectares na Amazônia. Até gente do exterior. Se você, em vez de conservar os 20% passíveis de serem ocupados por atividades agrárias, passar para 80%, imagina o que vai ser. Vão arrasar tudo, vender para terceiros desesperados para ter um patrimoniozinho.

Como o senhor tem acompanhado a discussão do Código Florestal? Tem alguma expectativa de que ela possa terminar bem?

Se a dona Dilma ouvisse os cientistas e pessoas que entendem da Amazônia, ela não iria concordar com o Código. Tenho plena certeza, pela competência e pela sensatez que ela tem, ela não iria concordar com o que esse pessoal está fazendo.

Fonte: Luis Nassif On Line


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O Mapeamento da Biodiversidade

Por Cláudia Stefani

Biblioteca da vida 

Mapear a biodiversidade mundial é um dos maiores desafios da ciência. Afinal, o homem conhece mais estrelas no céu do que espécies descritas na Terra. A audaciosa tarefa, porém, foi abraçada nos últimos seis anos por uma rede internacional de pesquisadores cujo objetivo, nada modesto, é contabilizar e descrever todos os seres vivos do planeta – estima-se que apenas 10% das espécies são conhecidas. A forma como isso é feito parece coisa de cinema: um tipo de código de barras identifica cada ser de acordo com seu grupo, criando uma biblioteca genética digital possível de ser acessada por qualquer pessoa no mundo pela internet (www.boldsystems.org). O Brasil, detentor de uma das maiores biodiversidades do planeta, entrou na empreitada em dezembro do ano passado, com a Índia e a China.

O Projeto Internacional Barcode of Life (código de barras da vida – iBol, na sigla em inglês) foi iniciado em 2005 com o objetivo de fornecer um sistema de bioindetificação global. O trabalho é relativamente simples e bastante engenhoso. Em vez de sequenciar o genoma completo de cada animal, planta, fungo ou alga, os pesquisadores decifram as letras de um único gene (no caso de animais e plantas são dois ou três) compartilhado pelas diferentes espécies. Desse modo, é possível compará-las e identificar quando se trata de alguma descoberta.

As sequências são enviadas para um banco de dados alimentado por pesquisadores de todo o mundo. Atualizado diariamente, o arquivo tinha mais de 1,7 milhão de registros até abril passado. “De fato, nós descrevemos somente cerca de 1,7 milhão de espécies ao longo dos últimos 250 anos e nem sequer sabemos a ordem de grandeza de quantas espécies existem no planeta. As estimativas variam de 5 milhões a 100 milhões”, diz o pesquisador canadense Robert Hanner, um dos gerentes da iniciativa mundial.

A quantidade de registros no iBol, porém, não significa o número de espécies conhecidas, pois muitas sequências são repetidas e servem para apontar as diferentes áreas de ocorrência de um animal ou planta. As comparações mostram também se uma espécie acaba de ser descoberta. Segundo Hanner, isso resolve erros de identificação, como casos em que dois animais são classificados como sendo o mesmo. O trabalho é feito por pesquisadores especializados em cada grupo de ser vivo e taxonomistas.

Participação nacional – Para acompanhar a empreitada, o Brasil criou a Rede de Pesquisa de Identificação Molecular da Biodiversidade Brasileira (BR-BOL), coordenada pelo biólogo Cláudio Oliveira, do Instituto de Biotecnologia da Universidade Estadual Paulista (Unesp).

O grupo nacional tem como meta catalogar em três anos 120 mil exemplares de 24 mil espécies. A tarefa está repartida entre 10 grupos, compostos por especialistas de diversas instituições. “Esperamos chegar a cerca de 10% do que se imagina haver de biodiversidade no Brasil”, conta Oliveira.

A expectativa do coordenador é baseada na identificação básica (coleta e identificação morfológica) que vem sendo feita há décadas pelas instituições brasileiras. “Temos resultados de diversos grupos que antecederam à rede e que, hoje, fazem parte dela. Vamos selecionar tudo que é do Brasil e que está no banco mundial para ter uma ideia do que já foi identificado. A partir daí, vamos acrescentar novas informações”, explica.

O pesquisador Paul Herbert, inventor do sistema Barcode, enxerga o Brasil como a menina dos olhos da rede internacional. “Acredita-se que o país abrigue mais espécies de animais e plantas do que qualquer outra nação, e muitas dessas espécies, como o mico-leão-de-cara-preta e o mico-leão-dourado, só existem no Brasil”, afirma ao Correio. “Além disso, o país tem uma forte capacidade científica nos campos que são centrais para o iBOL (taxonomia, informática e genômica)”, elogia.

Ainda segundo Herbert, o código de barras da vida terá aplicações em todas as áreas da ciência. Será útil, por exemplo, no diagnóstico rápido de espécies que atacam culturas agrícolas ou insetos transmissores de doenças. Também fornecerá informações para programas de conservação e gestão dos recursos naturais. “E dará uma grande ajuda a projetos de bioprospecção e à pesquisa científica de base”, aposta o canadense.

Cláudio Oliveira ressalta que o Brasil também tem muito a ganhar, principalmente na conservação de sua biodiversidade. “Acredito que algumas espécies já desapareceram sem que soubéssemos de sua existência”, lamenta o biólogo. Nesse sentido, o projeto desempenha um papel central, por acelerar o registro das espécies desconhecidas e mapear a distribuição daquelas já identificadas.

O iBOL não é apenas o maior programa de estudo da biodiversidade já realizado, mas um modelo raro de colaboração científica entre pesquisadores de diferentes países. Segundo Oliveira, é a primeira vez que se envolve um número tão grande de cientistas em um estudo. “Com essa abrangência, estamos juntando esforços para gerar resultados importantes para o planeta todo”, comemora o biólogo.

Fonte: Correio Braziliense