Blog do Daka

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Ventusky – A Previsão do Tempo Interativa do Mundo Inteiro

Por Leonardo Amaral (www.updateordie.com)

Esqueça a previsão do tempo do jornal na tv!

O VentuSky é resultado do monitoramento da empresa de meteorologia tcheca InMeteo, que analisa em intervalos bem curtos de tempo algumas variáveis ao redor do mundo.

O mais legal: o mapa apresenta movimentações de ar animadas, como uma pintura de Van Gogh em movimento. Parece menos a previsão do tempo e mais alguma experiência de imersão na obra do artista.

Além da temperatura, há a precipitação, velocidade dos ventos, pressão do ar, velocidade dos ventos, presença de nuvens e até mesmo a altitude em que a temperatura atinge 0˚C.

O Brasil como está? Com mais ou menos 15˚C no Sul e 30˚C no Norte.

ventusky_brasil

Para, comparar, nesse mapa de temperaturas, esse é o deserto do Sahara (a escala não está aparecendo nessa imagem, mas essa cor predominante é em torno de 40˚C a 50˚C).

ventusky_africa

Mas e a incidência de neve na América do Sul? Bem… em volume expressivo que possa ser captado, só no sul dos Andes.

ventusky_americadosul

É um mapa interativo bem interessante de ser percorrido e, de vez em quando, até serve para saber como anda a situação em algum lugar específico.

Abraços

Dakir Larara


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Instabilidade antecede a chegada de forte ar polar no RS

É brincadeira… Toc, Toc… Quem é??? É o frio????

Abraços

Dakir Larara


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Frio… Muito frio nos próximos dias!!

Olhem essa… É brincadeira ou querem mais!?!?!?

Abraços

Dakir Larara


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Ar quente antecede volta da chuva que pode ser intensa aqui no RS

Excelente reportagem da MetSul Meteorologia. Vale a pena conferir!!!


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Cientistas brasileiros vão estudar microfísica das nuvens

Prever a tempo

Prever fenômenos extremos no Brasil – como as tempestades que costumam castigar diversas áreas no país durante o verão – com maior prazo de antecedência ainda é um desafio para os meteorologistas. Esta é a proposta de um grupo de pesquisadores do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). Para isso, eles precisam entender a estrutura interna das tempestades que se originam dos principais regimes de precipitação do país.

O objetivo do Projeto Chuva é conseguir prever fenômenos climáticos extremos com maior prazo de antecedência.[Imagem: INPE]

Batizada de “Projeto Chuva”, a iniciativa consiste em estudar a microfísica das nuvens, isto é, os processos físicos no interior delas, para desenvolver um modelo numérico capaz de rodar no supercomputador Tupã, em operação desde janeiro no Centro de Previsão do Tempo e Estudos Climáticos, em Cachoeira Paulista (SP).

“Por conta do maior poder de resolução espacial do Tupã, é preciso parametrizar e descrever os elementos com mais detalhes. Isso implica medir o tamanho dos hidrometeoros (partículas encontradas nas nuvens), como as gotas líquidas, o granizo, o graupel (forma de granizo) e a neve, assim como sua distribuição nos sistemas climáticos”, explica Luiz Augusto Machado, coordenador do projeto.

Tomografia das nuvens

Esse processo de coleta e análise de dados será realizado em sete locais no país, representativos dos principais regimes de precipitação do Brasil. “Nosso objetivo é criar um banco de dados dessas estruturas microfísicas e verificar se elas se ajustam a essa alta resolução espacial, de até 1 quilômetro”, contou.

Os experimentos tiveram início em março de 2010 no Centro de Lançamento de Alcântara (MA). De lá, os pesquisadores partiram para Fortaleza (CE), onde construíram uma torre para abrigar o radar móvel de dupla polarização. O equipamento, considerado um dos mais modernos da área, está agora instalado no topo do prédio do Departamento de Meteorologia da Universidade Federal do Pará, em Belém.

Além de fornecer dados e medidas sobre as estruturas das nuvens, o radar, aliado a uma série de equipamentos meteorológicos, permitirá aos cientistas conhecer os processos de precipitação relacionados à microfísica das nuvens, como a formação de descargas elétricas, efeitos radiativos e interação com aerossóis.

“A influência das gotas sobre o clima tem diversas implicações, desde processos radiativos às mudanças climáticas”, explicou Machado.

Nesse processo definido como tomografia dos sistemas, o foco da pesquisa em Fortaleza foi a precipitação costeira. São as chamadas “nuvens quentes”, responsáveis por grande parte das chuvas nos trópicos. Em Belém, os pesquisadores investigam as chuvas de linhas de instabilidade, formadas por grandes aglomerados de cúmulos-nimbos e que, ao penetrar no interior da Amazônia, provocam chuvas intensas.

Novo satélite brasileiro

Em cada uma das localidades pesquisadas, serão ministrados cursos para meteorologistas sobre a instrumentação utilizada.

“O sensoriamento remoto por satélite e por radar, a microfísica e a modelagem por computação são áreas novas no setor. Por conta disso, há no Brasil poucos especialistas no assunto”, disse Machado.

Além do conhecimento sobre a microfísica das nuvens, os dados obtidos em cada sistema serão aplicados no desenvolvimento de algoritmos de um novo satélite brasileiro. Com o lançamento previsto para 2015, o satélite irá compor o Programa Internacional de Medidas de Precipitação (Global Precipitation Measurement – GPM, em inglês), liderado pelas agências espaciais Nasa (Estados Unidos) e Jaxa (Japão), para monitorar a precipitação em todo o mundo em áreas de 25 km2 a cada três horas.

Zona de convergência

No fim de 2011, será a vez do Vale do Paraíba, no interior paulista, onde predomina a zona de convergência do Atlântico Sul e são formadas as tempestades locais. Em seguida, o grupo estudará os complexos convectivos de mesoescala em Foz do Iguaçu. Esse sistema é responsável pela formação de grandes aglomerados de nuvens, que representam 90% da precipitação na região Sul do Brasil.

Depois, os cientistas retornarão ao Norte do país para estudar, em Manaus, os diversos tipos de regimes presentes na Amazônia, entre os quais a convecção intensa local e a convecção organizada. De lá, o grupo seguirá para Brasília para pesquisar as chuvas relativas às penetrações de frentes frias, organizadas na parte central do Brasil.

Fonte: http://www.inovacaotecnologica.com.br


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Nova Classificação Climática para o Rio Grande do Sul saiu do forno – por Maíra Rossato

Recentemente aprovada com louvor no Programa de Pós-Graduação em Geografia da UFRGS, a tese intitulada “Os Climas do Rio Grande do Sul: variabilidade, tendências e tipologia” de autoria de Maíra Suertegaray Rossato apresenta, através de dados atualizados (1970-2007), o quadro climático do Estado a partir de uma nova classificação para os climas do RS.

Esta tese centrou-se no estudo analítico do clima do estado do Rio Grande do Sul (Brasil), com foco na variabilidade (espaço-temporal) dos elementos climáticos-meteorológicos e na abordagem de suas tendências. Associa-se a esta análise, o reconhecimento das variabilidades climáticas em escala regional para o período de 1931-2007, através da comparação das médias do período analisado com as normais climatológicas de 1931-1960 e 1961-1990.

A partir desta construção, busca-se a atualização do conhecimento da climatologia relativa ao Rio Grande do Sul, sintetizada a partir da elaboração de uma classificação climática que incorpora o uso de novas metodologias e tecnologias.

O método de classificação climática desenvolvido contemplou análises qualitativas e quantitativas, tendo por base a integração entre os elementos do clima e a circulação atmosférica de superfície (dinâmica das massas de ar), articulados a técnicas estatísticas e geoestatísticas.

Comparando as normais climatológicas do estado

A análise da variabilidade dos elementos climáticos para o período entre 1931 e 2007 indica que as temperaturas mínimas se elevaram em muitos lugares do RS, levando a uma redução da amplitude térmica. Com isso, revela-se o aumento das temperaturas médias em até 0,5oC, particularmente em algumas localidades da metade centro-norte do estado, sendo este aumento maior no período de 1970-2007.

Percebe um aumento da precipitação até a normal de 1961-1990, mas em muitas partes do RS, como na porção oeste do estado, a média seguinte aponta redução nos totais mensais e anuais. Localidades situadas no leste e extremo norte do estado registraram elevação dos totais das chuvas, principalmente na primavera e verão no período de 1970-2007.

A variabilidade identificada entre as médias relacionam-se com alguns dos ciclos ligados a eventos de macroescala encontrados nas séries temporais. A variabilidade dos totais pluviométricos registrados na comparação de médias pode ser explicada por ciclos, como os de ENOS, por exemplo. Os ciclos decenais e quinzenais que foram identificados em várias séries, principalmente nas de temperatura, de insolação e de pressão atmosférica podem explicar a variabilidade das médias, embora não sejam explicitados nos seus valores finais.

Tendências para a temperatura e precipitação

A análise de tendências lineares e polinomiais indicou tendências estatisticamente pouco importantes, uma vez que os coeficientes de correlação encontrados variam de fracos a moderados.

De forma geral, nota-se reduzida tendência de diminuição da amplitude entre as temperaturas máximas e mínimas em localidades situadas em todos os compartimentos geomorfológicos do RS. Essa redução se explica, principalmente, pela maior elevação das mínimas em relação às máximas, como no sudoeste, centro e nordeste do Estado, indicando uma pequena, mas possível diminuição dos núcleos frios do estado.

Em relação à precipitação e umidade, não foram registrados aumentos importantes nos totais pluviométricos mensais e nem nos dias de precipitação mensais para os 38 anos estudados. Os totais pluviométricos anuais, contudo, ratificaram, através da tendência linear, a possível elevação dos valores de chuva ao ano com tendência de concentração. Isto porque os pontos em que se identificou maior tendência de aumento localizavam-se no setor centro-leste da Depressão Central estendendo-se sobre o Planalto Basáltico, Escudo Sul-riograndense e Litoral.

A análise da tendência polinomial, entretanto, aponta pontos do estado em que há redução nos totais anuais a partir do final dos anos de 1990 e início de 2000. Localidades na Depressão Central, no norte e centro do Planalto Basáltico, além do extremo sul do Litoral registram esse decréscimo. Os municípios do leste do Planalto Basáltico, do Escudo Sul-riograndense e do Litoral apresentaram aumento de seus totais anuais a partir dos anos de 1990.

Estas distribuições diferenciadas acentuam características já identificadas em algumas regiões de falta ou de excesso de umidade, intensificando diferenças regionais através da concentração de precipitação.

Os Climas do Rio Grande do Sul

Com relação ao regime climático, pode-se dizer que os sistemas polares são os grandes dinamizadores dos climas do estado, em interação com os sistemas tropicais. Entretanto, é a partir da relação destes com os fatores geográficos locais e regionais, que se define a variabilidade espacial dos elementos do clima. A gênese das chuvas está, principalmente, associada aos sistemas frontais.

Com relação à tipologia climática, o estado do Rio Grande do Sul situa-se em área de domínio do Clima subtropical, subdividido em quatro tipos principais (clique na figura abaixo para ampliar!!):

Subtropical I – Pouco Úmido (Subtropical Ia – Pouco Úmido com Inverno Frio e Verão Fresco, e Subtropical Ib – Pouco Úmido com Inverno Frio e Verão Quente);

Subtropical II: Medianamente Úmido com Variação Longitudinal das Temperaturas Médias;

Subtropical III: Úmido com Variação Longitudinal das Temperaturas Médias; e

Subtropical IV – Muito Úmido (Subtropical IVa – Muito Úmido com Inverno Fresco e Verão Quente, e Subtropical IVb – Muito Úmido com Inverno Frio e Verão Fresco).

O Rio Grande do Sul apresenta regiões climaticamente bem diferenciadas, evidenciando certa heterogeneidade, ao contrário de grande parte das classificações climáticas mais conhecidas do estado.

Esse mapeamento climático revela dados interessantes, na medida em que evidencia distribuição espacial desigual das chuvas, permitindo observar, por exemplo, uma menor umidade em parte da região denominada Campanha no RS (reverso da Cuesta do Haedo), resultado da distribuição irregular que em determinados anos se releva em períodos com anomalias negativas de precipitação constatados pela população e amplamente divulgados pelos meios de comunicação.

Da mesma forma este processo se revela importante na decifração das características do clima do sul do estado permitindo uma melhor compreensão das anomalias negativas da precipitação na região de Bagé e seu entorno, no Escudo Sul-riograndense. Anomalias que se revelam também no litoral sul e que tem sua gênese associada à influência da corrente fria das Malvinas que promove mais estabilidade.

Outro ponto significativo é o papel do processo de urbanização do leste do estado revelador de uma área de temperaturas médias mais altas, mesmo tendo esta área influência da maritimidade.

É importante mencionar que esta tese traz como resultado uma classificação climática em escala regional para um período recente que inovou ao incluir na metodologia analises quantitativas e qualitativas em diferentes escalas temporais e que procura apresentar de forma simples e direta as características importantes de diferentes porções do estado. Isso fez com que os quatro tipos e dois subtipos climáticos sejam bem representativos do RS.


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O Clima e Você – Feliz dia Meteorológico Mundial

Parabéns aos meteorologistas! 23 de março é o Dia Meteorológico Mundial. A reportagem a seguir só poderia ser da MetSul Meteorologia e sua equipe. Vale a pena conferir.


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Yes!!! Nós temos Ciclones Tropicais. Muito prazer… Arani.

Sim, meus caros leitores!! O Ciclone Tropical Arani, um sistema raro, fez história ao se formar na costa brasileira. A cobertura da mídia de um evento desta relevância foi ridícula, para não dizer pífia. A MetSul Meteorologia e sua equipe fez intensa cobertura do evento em seu site, nos fornecendo informações atualizadas de altíssima qualidade e servindo de referência para o órgão federal responsável sobre a meteorologia no Brasil, o INMET (Instituto Nacional de Meteorologia).

De qualquer forma, não é todo dia que se vê a imagem acima. Trata-se do mapa de monitoramento feito pela NASA de ciclones tropicais no mundo. No Atlântico Sul, aparece Arani como um ciclone tropical ativo. O fato do sistema passar a figurar como ativo no sistema da NASA significa que devemos receber imagens espetaculares do ciclone Arani geradas pela agência espacial americano nos próximos dias.

Ainda sobre a cobertura midiática, o site do jornal O Globo publicou, no dia 15/03 – às 17h e 42min,  uma nota em que dá conta da formação de um furacão na costa brasileira. A MetSul Meteorologia considerou de estrema importância esclarecer que o sistema na costa brasileira não apresenta ainda tais características (ciclone tropical com vento sustentado acima de 120km/h). Nenhum órgão internacional considera agora que exista um furacão no litoral do Brasil. O jornal informa também se tratar de um “furacão com características híbridas”, entretanto tal fenômeno simplesmente não existe. Furacões são ciclones tropicais puros e sistemas subtropicais sim é que registram características híbridas. A tempestade tropical Arani, ademais, não surgiu a partir de um ciclone extratropical que provocou tempestades no Sudeste e na Bahia, afinal sistemas de natureza extratropical, como o próprio nome diz, ocorrem fora dos trópicos, o que não é o caso do Sul da Bahia. O único ciclone extratropical relevante nos últimos dias na América do Sul atuou a Leste da província de Buenos Aires. O que havia na costa capixaba e gerou a chuva intensa na região era uma área de baixa pressão que veio a dar origem a tempestade tropical Arani entre ontem e hoje. Finalmente, o sistema neste momento na costa brasileira em nada difere daqueles que atuam no Caribe, sendo sim independente e não estando associado a nenhum sistema frontal.

Vejam a nota abaixo e os absurdos nela escritos. Profundamentamente lamentável a confusão e desinformação sobre o assunto.

Resumo da ópera: é preciso avançar muito nesta temática, tanto a mídia e, sobretudo, os órgãos responsáveis pelo tempo e clima do nosso país.

Fonte: MetSul

 

 


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FAQ do ciclone no Sudeste do Brasil, by MetSul Meteorologia

Leia a atualização ao final do post!!

Interessante as peguntas e respostas que o meteorologista Luiz Fernando Nachtigall, membro da equipe da MetSul Meteorologia, fez sobre o ciclone que irá atuar na costa do sudeste brasileiro. Vale a pena dar uma lida, pois os caras da MetSul são feras. Espero que curtam o post.

 

Haverá a formação de um ciclone tropical junto à costa brasileira ? Pode este sistema virar até um furacão?

A resposta é provavelmente sim para a primeira pergunta e um meramente talvez para o segundo questionamento. Uma depressão tropical que foi designada como de interesse (Invest 90Q) pelo Centro Nacional de Furacões dos Estados Unidos e a Marinha norte-americana atua na costa do Espírito Santo desde o final da semana passada, tendo sido responsável por chuva intensa no território capixaba durante o fim de semana.

Durante as últimas horas, como era esperado, este sistema de baixa pressão começou a se intensificar e organizar sobre o Atlântico entre os litorais do Espírito Santo e do Rio de Janeiro. Com base em diferentes simulações numéricas, a tendência é que esse sistema se intensifique ainda mais em mar aberto entre hoje e amanhã, mais distante da costa, podendo ganhar características, pelo menos, de uma tempestade tropical (ciclone tropical com vento de 65 a 120 km/h). Na madrugada chegaram a ser registradas rajadas de vento de até 80 km/h na estação do Inmet em Abrolhos, no litoral da Bahia, mas associadas a temporal provocado pela convecção que havia na área em razão do sistema de baixa na costa do Espírito Santo.

A possibilidade deste sistema se converter em um furacão no Atlântico Sul não pode ser afastada. A tendência de lento deslocamento e sobre águas com temperatura superficial elevada (27ºC a 29ºC) permitirá que este sistema receba energia suficiente para maior intensificação, o que pode levá-lo, eventualmente, a uma condição de furacão. Nem todos os modelos sugerem a possibilidade de um sistema desta natureza. O modelo Europeu, por exemplo, indica uma baixa sem maior relevância no Atlântico Sul.

O modelo mais agressivo segue sendo o americano GFDL (Geophysical Fluid Dynamics Laboratory), concebido para prognósticos de ciclones tropicais, e um dos principais a ser operado pela Meteorologia dos Estados Unidos quando da previsão de furacões. Esta simulação, em particular, indica que poderia haver a formação sim de um furacão aqui no Atlântico Sul. Veja a projeção deste modelo para o sistema no decorrer da semana.

Se um furacão vier a se formar no Atlântico Sul, qual seria a sua intensidade ? É possível de projetar a força do vento em alto mar para este sistema?

Prognósticos de ciclones tropicais são extremamente complexos mesmo nos países com Meteorologia estruturada para este tipo de previsão. Isso porque este tipo de fenômeno é não raro surpreendente. Um ciclone tropical pode passar de uma tempestade tropical para um furacão categoria 3 em questão de poucas horas. Isso já ocorreu muitas vezes e, em alguns casos, até recentes, acabou surpreendendo e frustrando prognósticos do centro de ciclones tropicais norte-americano que é o mais avançado do mundo. Prever intensidade de um fenômeno desta natureza, portanto, não é fácil. No caso do Atlântico Sul, é ainda mais difícil. Quando um ciclone tropical se forma no Atlântico Norte existe um pacote de “guidance” (modelos) muito vasto (exemplo abaixo) fornecendo projeções de intensidade para determinado sistema, o que não ocorre aqui no Atlântico Sul.

Numa da mais extremadas saídas do fim de semana, o modelo GFDL chegou a sugerir (ver abaixo) um furacão no limite das categorias 2 e 3 na escala Saffir-Simpson no Atlântico Sul nesta semana com pressão de 960 hPa e vento ao redor de 200 km/h, solução esta que não tem sustentação em vários modelos globais. Uma das nossas curiosidades na MetSul é se o avanço de ar mais frio pela costa do Sul do Brasil, antecedido por um sistema frontal, logo com maior divergência de vento, não pode comprometer uma maior organização e intensificação do ciclone, uma vez em mar aberto.

Há risco para a população se este sistema vier a se formar ? Caso negativo, afinal, por que tanto interesse por algo que estará em mar aberto?

Todos os indicativos de modelagem numérica são de que este sistema atuará em alto mar e se afastará da costa brasileira no decorrer da semana sem oferecer perigo à população. A natureza não raro surpreendente e severa deste tipo de fenômeno exige, contudo, um monitoramento muito atento. Mesmo se este sistema permanecer o tempo todo em alto mar é de enorme interesse porque se trata de um fenômeno raro na nossa climatologia do Atlântico Sul. Furacão, por exemplo, só teve um até hoje documentado que foi o Catarina de 2004.

E o tal do nome ? Haverá um nome para identificar este tão comentado ciclone tropical ? Existe uma lista no Brasil como há nos Estados Unidos?

A Organização Meteorológica Mundial definiu diferentes centros de área para previsão e monitoramento de ciclones tropicais ao redor do mundo. Estes centros definem nomes a fim de identificar as tempestades. Não há centro designado para o Atlântico Sul, logo não há órgão meteorológico algum credenciado na América do Sul para nomear ciclones na nossa costa. Nas últimas horas comentou-se em canais da mídia que este possível sistema na costa brasileira receberia o nome Arani, designação do idioma tupi-guarani, e que já existiria no Brasil uma lista de nomes pronta para identificar ciclones tropicais, isto é tempestades tropicais e furacões, apesar que ciclones subtropicais também são nomeados no Atlântico Norte. A MetSul Meteorologia conseguiu apurar que a esmagadora maioria dos meteorologistas de órgãos públicos do Brasil desconhece a existência de tal lista. No ano passado, a Meteorologia da Marinha sugeriu e esboçou lista de nomes em reunião com o INPE, Instituto Nacional de Meteorologia e Decea (Aeronáutica), mas a relação jamais foi formalizada na forma de um documento conjunto. O comando do setor de Meteorologia da Marinha disse à MetSul que dispõe da lista e esta somente poderá ser tornada pública quando for remetida para o Instituto Nacional de Meteorologia, o que não tem data prevista. No site do Centro Nacional de Furacões dos Estados Unidos, a lista de nome para o Atlântico Norte está disponível para 2011 e os próximos anos. Na Alemanha, onde ciclones mesmo extratropicais recebem nomenclatura, a lista também se encontra disponível e a população em geral é convidada pela Meteorologia a sugerir nomes.

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Atualização (14/3 – 15h58min) – Claramente está configurada uma depressão tropical na costa do Espírito Santo. O aumento da convecção (flare of convection no jargão meteorológico em Inglês) ao redor do centro da baixa sugere provável intensificação do sistema, o que se espera nas próximas 24 a 36 horas, quando a baixa pressão pode evoluir para uma condição de tempestade tropical. A partir deste ponto, o cenário se torna mais complexo. Possibilidade que sobressai, a partir da análise feita pela  MetSul dos modelos deste começo de tarde é que, ao evoluir para o Leste, o sistema encontre um ramo frontal com ar mais frio logo ao Sul, eventualmente fundindo-se com a frente, o que colocaria o sistema numa transição de tropical para subtropical. A interação ou não com o sistema frontal devido ao avanço de ar frio pelo Atlântico Sul, é que determinará se o ciclone tropical terá potencial ou não de sustentar intensificação no Atlântico Sul ainda com características tropicais e não híbridas.

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Atualização – (14/3 – 22h20min) – Imagens de satélite do fim da tarde e do começo desta noite desta segunda-feira mostravam o sistema tropical no litoral do Rio de Janeiro e do Espírito Santo muito mais organizado do que no começo do dia com notável intensificação, cenário que era antecipado.

Imagens de satélite mostram nitidamente a presença de um CDO (central dense overcast), o que vem a ser na imagem o aglomerado quase circular de nuvens carregadas que acompanha tradicionalmente os ciclones tropicais. É nesta área chamada de CDO que se forma um olho nos ciclones mais intensos, o que não é o caso no momento deste. Outro aspecto um tanto importante na imagem é o aspecto circular da nebulosidade radial à área de baixa pressão atmosférica, comum em ciclones tropicais e que não se observa em ciclones de natureza extratropical.

Ademais, este sistema no litoral do Sudeste se dá independente de sistema frontal, quando sistemas extratropicais em regra estão associados a frentes. Também são observados raios ao redor do seu centro, pelas imagens dos sensores de descaras elétricas, o que é normal visto em ciclones tropicais e condição comumente ausente de ciclones extratropicais de centro frio.

Finalmente, ciclones extratropicais não se formam dentro dos trópicos, o que explica o prefixo “extra”. Um outro detalhe marcante na imagem é a presença de espirais de nuvens do tipo Cirrus em níveis altos da atmosfera (chamado de outflow), característico igualmente em ciclones tropicais. A Marinha do Brasil está definindo o sistema tão-somente como uma depressão subtropical, mas conforme o entendimento da equipe de meteorologistas da MetSul  a baixa pressão na costa do Sudeste adquiriu características de uma tempestade tropical. A evolução deste sistema em termos de organização e uma possível intensificação dependerá, como já dito anteriormente, da interação com uma frente fria e ar mais frio avançando pelo Sul do Brasil, o que pode fazer este sistema, agora tropical, evoluir para subtropical e posteriormente extratropical. Esta é, aliás, a tendência para o sistema à medida que ele se deslocar para Leste e Sudeste.

O NOAA (órgão de Meteorologia do governo dos Estados Unidos) iniciou ainda às 15 horas de hoje a monitorar o sistema por floater no seu site de satélites dedicados a ciclones tropicais, entretanto segue sem fazer monitoramento com dados de escala Dvorak e outras variáveis, como ocorreu com Anita em 2010, não indicando em nenhum página sua tratar-se o sistema de uma tempestade tropical, fenômeno que a MetSul entende estar presente na costa brasileira agora. Tempestades tropicais, como esta, devem receber nomes e a lista preparada pelos órgãos do governo federal prevê o nome Arani. Caso instituições federais não venham a nomear este sistema, ocasionalmente entendendo, em opinião diferente da nossa, que tal sistema não preencheu os requisitos necessários para sua nomenclatura, a MetSul não identificará esta tempestade com nenhum nome. Crucial reiterar, mais uma vez, que este sistema não oferece perigo para a área continental do nosso país e que os interesses a serem monitorados se encontram em mar aberto.

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Atualização 15/4 – (16h30min) – O ciclone tropical na costa do Sudeste segue se afastando lentamente do continente à medida que fica mais organizado e intenso no Atlântico Sul (foto abaixo). Na parte da manhã,  o NOAA, finalmente, começou a divulgar números T na escala de Dvorak para este sistema. O primeiro dado do início da manhã acusou T1.0, o que pela escala  corresponde a vento ao redor de 50 km/h.

O problema é que a escala Dvorak foi elaborada com bases em ciclones para as regiões (basins) do Atlântico Norte e do Pacífico, não para o Atlântico Sul, tanto que os números T têm correspondência diferente em intensidade para o Atlântico Norte e o Pacífico na numeração da escala Dvorkin (que é meramente estimativa a partir de observação por satélite e não baseada em dados de superfície).

A Metsul Acredita ser muito improvável que este sistema presente no Atlântico Sul, pela sua oganização e acima de tudo pela intensidade vista nas imagens de satélite, esteja apresentando vento somente de 45 a 50 km/h. Mais que isso, pela escala de Dvorak a pressão mínima central estaria acima de 1009 hPa. Chance quase nula que este ciclone tropical esteja com pressão central de 1009 hPa ou mais. O Galeão está com 1010 hPa e Vitória com 1009 hPa, muito na periferia do sistema e distantes algumas centenas de quilômetros do centro da baixa. Mesmo caso da plataforma P-20 da Petrobrás na costa do Rio com 1008hPa. Assim, altamente ilógico que este sistema no seu centro esteja com pressão tão alta quanto indicada no número T da escala de Dvorak informado pelo NOAA. Caso tivéssemos aqui voos de reconhecimento, como ocorre no Atlântico Norte, muito provavelmente a sonda indicaria pressão menor e vento mais forte que o estimado por satélite.