Blog do Daka

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As discussões sobre o Código Florestal

Achei interessante esse texto que resume, de certa forma, algumas das muitas discussões que envolvem o novo código florestal. Vale a leitura!

Por Luis Nassif

Ainda há enorme balbúrdia em torno do novo Código Florestal.

Vamos tentar fatiar a discussão, para entender melhor o assunto.

Hoje, a versão do deputado Aldo Rabelo, relator do projeto. Amanhã, as ressalvas dos ambientalistas

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O nó da questão são as APPs (Áreas de Preservação permanente) – beira de rio, encostas e topo de morro.

Toda a confusão reside no cipoal de leis sobre o setor e na tentativa de retroagir as últimas leis, diz Aldo. No código de 1954, por exemplo, as APPs começavam em 5 metros da margem do rio e iam até 100 metros. No governo Sarney, os 5 metros passaram para 30 e os 100 para 500. Quem estava legalizado no código antigo tornou-se ilegal e criminoso ambiental no novo código.

Agora, diz Aldo, pretende-se que em riachos as APPs tenham 30 metros da margem e no Vale do São Francisco 500 metros. Não sobrará nenhuma propriedade agrícola legal, diz ele.

Agricultura é historicamente um fenômeno de beira de rio, explica Aldo. Apenas na Austrália se adota a metragem para preservar das bordas do rio. Mesmo assim, vai-se de 5 a 20 metros, contra 30 a 500 metros da proposta brasileira.

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Em 1998 foi promulgada uma Lei de Crimes Ambientais aumentando para 80% a reserva legal ( RL) na Amazônia, por exemplo. A lei anterior permitia 50%. Da noite para o dia, o agricultor precisaria reconstituir 30% da propriedade – a um custo de R$ 9 mil a R$ 12 mil o alqueire – para não ser enquadrado como criminoso ambiental.

Quando governo regulamentou, órgãos ambientais e MP começaram a autuar.

Percebendo que a quase totalidade das propriedades agrícolas ficariam ilegais, em junho de 2008 o governo editou o decreto 7029 (reeditado em dezembro de 2009) suspendendo as multas de quem não averbou sua RL e quem desmatou as APPs antes da lei. Esse decreto expira em 11 de junho.

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No novo código, resolveu-se o problema da reserva legal.

Os grandes – especialmente no setor de reflorestamento – resolveram seus problemas em um pacto com ONGs da área ambiental. Poderão constituir a RL em outros locais, mesmo em outros estados, desde que no mesmo bioma. Pequenos agricultores, com até 4 módulos de propriedade, estão fora da obrigatoriedade de reconstituir a RL.

Os médios e grandes vão poder somar a RL com as APPs. Deverão recuperar até 20% da área total na Amazônia e 35% no cerrado.

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Em relação às APPs, os pequenos ficaram órfãos, diz Aldo.

Se toda plantação em APPs for considerada ilegal, apenas em São Paulo se teria que arrancar 3,5 milhões de hectares em cana, feijão, café. Tem que haver uma regulamentação dizendo o que pode e o que não pode ser mantido em APPs, diz Rabello.

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Acolhendo sugestão do governo, Aldo colocou no relatório que nenhuma situação estaria consolidada até governo colocar no relatório o que pode e o que não pode ser plantado. A oposição aproveitou a deixa e mudou os termos: tudo está consolidado (isto é, isento de multas) até governo fazer decreto.

Agora se está em um impasse. O governo quer que Aldo apresente uma relação do que pode e não pode ser plantado em APPs; sobre ela, o governo fará suas alterações. Aldo quer que o governo defina.


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29 de maio – dia do Geógrafo

Olá pessoas!!! Ontem, dia 29 de maio de 2011, comemoramos mais um dia do Geógrafo. Desta forma, não poderia deixar de fazer um pequeno texto sobre a minha profissão e área de conhecimento que é, infelizmente, uma das mais desprezadas e desprestigiadas em nosso país. Mas a coisa, ao poucos, está mudando com a abertura de concursos em órgãos públicos (dentre eles as universidades e setores técnicos) e postos de trabalho em empresas privadas, sejam no setor de ensino ou de consultoria.

Essa data, não por acaso, coincide com o dia de fundação do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). No Brasil, geógrafo é o profissional bacharel em Geografia, legalmente habilitado através da Lei nº. 6664/79, regulamentada pelo Decreto n°.85.138/80 e alterada pela Lei n°. 7.399/85, com regulamentação dada pelo Decreto n°. 92.290/86. Pela legislação, todo geógrafo deve possuir registro no Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia (CREA) da unidade da federação onde exerce seu trabalho. Mas cá pra nós: a Geografia é uma só!!! Bachareis e Licenciados, possuem distintas atribuições profissionais, é claro, mas lutam por uma só causa – construir, seja numa sala de aula, seja num órgão público ou privado, as ideias centrais da importância da nossa área de conhecimento para melhorarmos a nossa sociedade e, fundamentalmente, as pessoas que a estruturam.

Para celebrar meu dia (profissional), vou publicar um texto de autoria do filósofo e cientista político Emir Sader, que tem um trecho que exprime muito bem o sentido de pertencer à Ciência Geográfica. Destaquei o trecho em questão que está em negrito. Aí vai:

O que é ser politizado
Emir Sader (Revista Caros Amigos de abril de 2007)

“Ser politizado é entender como funcionam as relações de poder em cada sociedade e no mundo em geral. É compreender que, por trás das relações de troca no mercado existem relações de exploração. Que, por trás das relações de voto, existem relações de dominação. Que, por trás das relações de informação, há um processo de alienação.

Ser politizado, no mundo de hoje, significa compreendê-lo no marco das relações capitalistas de acumulação e de exploração. Representa entender o mundo no marco da hegemonia imperial estadunidense, baseada na força militar e na propaganda do modo de vida estadunidense.

Ser politizado é compreender que tudo o que existe foi produzido historicamente, pelas relações entre os homens e o meio em que vivem. Ou melhor, entre os homens, intermediados pelo meio em que vivem. E que, portanto, tudo o que foi construído pelos homens pode ser desconstruído e reconstruído. Que tudo é histórico. Que a própria separação entre sujeito e objeto – que nos aparece como “dada” – é produzida e reproduzida cotidianamente mediante relações econômico-sociais alienadas.

Ser politizado é saber subordinar as contradições menores às estratégicas, saber que as contradições com o capitalismo são sempre também contra o imperialismo, pela fase histórica atual do capitalismo.

E o que é ser despolitizado
Já ser despolitizado é achar que as coisas são como são porque são como são, sempre foram assim e sempre serão. É considerar que as pessoas sempre buscam tirar vantagens que não têm grandeza para lutar desinteressamente por um mundo melhor. Que o que diferencia as pessoas é a ambição de melhorar na vida, que a grande maioria não tem jeito mesmo.

Entre o ser politizado e o despolitizado está a alienação, a falta de consciência da relação entre nós e o mundo. Alienar é entregar o que é nosso para outro – como diz a definição jurídica em relação a bens. Ser alienado é não perceber a presença do sujeito no objeto e vice-versa, sua vinculação indissolúvel.

A luta pela emancipação humana é uma luta contra toda forma de exploração, de dominação, de discriminação, mas, antes de tudo e sobretudo, uma luta contra a alienação – condição de todas as outras lutas”.

Forte abraço a todos!!

Dakir Larara


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Combustão reversa: pesquisa quer transformar gás carbônico em combustível líquido

Densidade do combustível

A tecnologia de baterias poderá passar por uma revolução no futuro, mas, enquanto isso não acontecer, os combustíveis líquidos permanecerão como a forma de energia mais concentrada e eficiente disponível para suprir as necessidades da humanidade.

Utilizar a energia do Sol para transformar os resíduos da combustão em insumos para a fabricação de novos combustíveis líquidos é o objetivo das pesquisas de um grupo de cientistas dos Estados Unidos, com coordenação de Nancy Jackson, presidente da Sociedade Norte-Americana de Química (ACS, na sigla em inglês).

A ideia é usar um reator a energia solar para transformar o dióxido de carbono em monóxido de carbono, que pode ser então utilizado na produção de combustíveis líquidos.[Imagem: Randy Montoya]

Jackson está no Brasil nesta semana, participando da Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Química (SBQ), em Florianópolis. A pesquisadora apresentou uma conferência intitulada Da luz do Sol para o petróleo: conversão termal solar de dióxido de carbono em combustíveis líquidos.

A equipe de seu laboratório já está trabalhando na engenharia do reator capaz de utilizar a energia solar para transformar o dióxido de carbono – produto da queima de combustíveis como gasolina e etanol – em monóxido de carbono, que pode ser utilizado na produção de combustíveis.

A reação, portanto, corresponde exatamente ao inverso da combustão. A seguir, ela fala de suas pesquisas e de sua área de atuação.

Por que investir em pesquisas voltadas para a produção de combustíveis líquidos?

Nancy Jackson – Os combustíveis líquidos são muito importantes por várias razões. Uma delas é que, levando em consideração o peso e o volume, há uma energia muito concentrada nesse tipo de combustível. Eles são muito melhores que baterias, que são muito pesadas. Os combustíveis líquidos são leves e densos em termos energéticos. Essa capacidade de armazenar energia explica em parte por que os combustíveis líquidos são uma boa alternativa.

A densidade energética dos líquidos, então, é insuperável?

Nancy Jackson – Sim, pelo menos até o dia em que houver um salto tecnológico revolucionário no desenvolvimento das baterias. Outro fator que torna os combustíveis líquidos muito importantes é a facilidade de transporte. É muito fácil transportar líquidos, porque eles podem fluir e ser bombeados em canos por muitos quilômetros, sem precisar de veículo algum. Eles permitem utilizar a infraestrutura instalada e as tecnologias existentes.

Infraestrutura de transporte?

Nancy Jackson – Sim, podemos aproveitar a infraestrutura já pronta para transportar os combustíveis e utilizá-los em todo tipo de necessidade energética. E, em relação à tecnologia, refiro-me aos motores. Temos motores muito eficientes para o uso de combustíveis líquidos. O problema é que não podemos depender do petróleo para sempre, porque ele vai acabar, ou se tornar muito caro ou impraticável para explorar. Por isso estamos trabalhando no projeto Da luz do Sol para o petróleo.

Qual é o objetivo do projeto?

Nancy Jackson – Estamos tentando utilizar o dióxido de carbono e submetê-lo ao calor do Sol concentrado para atingir temperaturas realmente altas. Com isso queremos transformar dióxido de carbono em monóxido de carbono, retirando um átomo de oxigênio da molécula.

Como isso é feito?

Nancy Jackson – Desenvolvemos um reator, com um disco de mais de quatro metros de diâmetro, que capta a luz solar e utiliza seu calor para provocar a reação. O dióxido de carbono é uma molécula muito estável, por assim dizer, muito “preguiçosa”. É difícil fazê-la mudar. É preciso gastar uma grande quantidade de energia para reagir com o que quer que seja. É por isso que estamos tentando usar o Sol para alterá-la, para fazer então um combustível líquido. O processo inclui uma série de outras reações muito bem conhecidas e compreendidas, mas o verdadeiro segredo, o que realmente estamos fazendo de novo, é transformar o dióxido de carbono em monóxido de carbono.

Isso é a combustão reversa?

Nancy Jackson – Sim. Quando usamos combustíveis em nossos carros, o monóxido de carbono é queimado e transformado em dióxido. Estamos fazendo o oposto, como se fosse uma combustão reversa. É uma estratégia de reciclagem. A ideia é poder reciclar o dióxido de carbono várias e várias vezes, produzindo combustíveis a partir do resíduo dos combustíveis.

Só os combustíveis líquidos poderão gerar o dióxido de carbono para ser utilizado no reator?

Nancy Jackson – De modo algum. Nos Estados Unidos, temos a maior parte da energia elétrica baseada em carvão. Queimando carvão, temos uma quantidade gigantesca de dióxido de carbono. Achamos que podemos utilizar o dióxido de carbono que sai das chaminés, transformando-o em combustíveis líquidos. Também temos muito dióxido de carbono quando fermentamos a cana-de-açúcar para fazer etanol. Para cada molécula de etanol, é produzida também uma molécula de dióxido de carbono.

Seria então uma estratégia ideal para ser utilizada em combinação com várias alternativas energéticas?

Nancy Jackson – Isso mesmo. O método seria empregado em conjunto com o uso de etanol de cana-de-açúcar, carvão, gás natural, plantas e assim por diante. Quando se queima tudo isso, é gerado o dióxido de carbono. Há outros grupos de pesquisa que estão aprendendo como separar o dióxido de carbono a partir do ar. É o que as plantas fazem: usam o dióxido de carbono do ar para crescer. Então há diferentes maneiras para conseguir o dióxido de carbono. Essas tecnologias já existem.

Qual será o aspecto desse novo combustível líquido?

Nancy Jackson – Vai ser como o diesel, ou o etanol. Não muito diferente do que temos agora, mas o processo de obtenção é que será muito diferente.

Quanto tempo essa tecnologia levará ainda para ser implementada?

Nancy Jackson – Provavelmente precisaremos de mais uns quatro anos de desenvolvimento de engenharia. Em seguida, entrará o período necessário para o desenvolvimento e o processamento em escala. Estamos falando em algo como sete ou oito anos.

O conceito já está desenvolvido e o que falta é a engenharia e o escalonamento?

Nancy Jackson – Sim. Há ainda muitos desafios, porque a temperatura de que precisamos para mudar o dióxido de carbono, que é tão estável, é tão alta que isso torna difícil a tarefa de definir materiais. Muitos deles não aguentam altas temperaturas e, se esquentamos e esfriamos sucessivamente, a maior parte dos materiais tende a não resistir. Há muitos desafios. O primeiro passo é o mais difícil. E é isso que estamos fazendo agora.

Fonte: http://www.inocaotecnologica.com.br


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Raios cósmicos induzem formação de nuvens e influenciam temperatura na Terra

Físicos da Dinamarca e do Reino Unido demonstraram que os raios cósmicos podem estimular a formação de gotas de água na atmosfera da Terra, conduzindo à formação de nuvens. Segundo os pesquisadores, este é o mais forte indício experimental já obtido de que o Sol influencia o clima da Terra e como ele o faz – alterando o fluxo de raios cósmicos que atinge a superfície da Terra.

As implicações da descoberta são significativas e de grande alcance não apenas científico, mas também político.

Raios cósmicos semeiam nuvens

Ainda se sabe pouco sobre como exatamente o Sol influencia, e em que magnitude, o clima e a temperatura na Terra. A hipótese de Henrik Svensmark, da Universidade Técnica da Dinamarca, em Copenhague, é a de que os raios cósmicos representam um papel importante nesse mecanismo.

Segundo Svensmark e seus colegas, os raios cósmicos “semeiam” as nuvens de baixa altitude, que refletem uma parte da radiação solar de volta para o espaço. A quantidade de raios cósmicos que atingem a Terra, por sua vez, depende da intensidade do campo magnético solar. Quando esse campo magnético é mais forte – o que se evidencia pela presença de mais manchas solares -, mais raios são desviados, menos nuvens se formam e, assim, a Terra se aquece. Se o contrário acontecer no Sol, a temperatura na Terra cai.

O que os cientistas fizeram agora foi demonstrar experimentalmente que um fluxo de raios cósmicos atua positivamente na formação de nuvens.

Simulação dos raios cósmicos

Para se transformar em gotículas e formar as nuvens, o vapor de água na atmosfera precisa de uma alguma superfície em torno da qual se condensar. Esse papel é desempenhado principalmente pelos chamados aerossóis, partículas líquidas ou sólidas presentes no ar.

 Os pesquisadores agora demonstraram que os raios cósmicos também desempenham esse papel, ionizando moléculas na atmosfera, moléculas estas que atraem o vapor de água, agregando-o até formar uma estrutura grande o suficiente para funcionar como superfície de condensação.

O experimento consiste em um recipiente com uma mistura de gases representando uma atmosfera típica da Terra – oxigênio, nitrogênio, vapor de água, ozônio, dióxido de enxofre etc. Uma fonte de luz ultravioleta gerou as moléculas de ácido sulfúrico, que servem como “semente” às quais as moléculas de água podem se aglomerar.

Os raios cósmicos foram simulados por um feixe de elétrons de 580 MeV. O grupo verificou que o feixe de elétrons levou a um aumento substancial na quantidade de aglomerados de moléculas. Segundo os pesquisadores, os elétrons, assim como os raios cósmicos na atmosfera real, ionizam as moléculas no ar, resultando na aglomeração das moléculas de água.

Divergências climáticas

O IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas) afirma que a maior parte do aquecimento registrado no clima da Terra nos últimos 50 anos deve-se a emissões de gases de efeito estufa gerados pela atividade humana.

Mas outros cientistas argumentam que o Sol tem uma influência significativa nas mudanças do clima da Terra porque, ao longo dos últimos séculos, tem havido uma estreita correlação entre as temperaturas globais e a atividade solar – embora essa correlação pareça ter sido interrompida ao longo dos últimos 40 anos.

Sem dados suficientes para uma conclusão mais precisa, o debate científico logo deu lugar a algo mais parecido com um debate religioso – os grupos se dividiram e estabeleceram uma fronteira intransponível entre o chamado “grupo do consenso” e o “grupo dos céticos”.

O “grupo do consenso” saiu vencedor por larga margem numérica entre os cientistas, e estabeleceu uma ortodoxia que tem resistido firmemente.

A nova descoberta vem dar força ao grupo daqueles que exigem um comportamento mais científico do IPCC, largamente acusado de ser mais político do que científico em suas conclusões.

 Nos modelos do IPCC, as variações do brilho solar tiveram um impacto sobre o aquecimento global de apenas alguns centésimos de grau ao longo dos últimos 150 anos.

Bibliografia:Cosmic ray decreases affect atmospheric aerosols and clouds
Henrik Svensmark, Torsten Bondo, Jacob Svensmark
Geophysical Research Letters
Vol.: 36, L15101
DOI: 10.1029/2009GL038429


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Nova Classificação Climática para o Rio Grande do Sul saiu do forno – por Maíra Rossato

Recentemente aprovada com louvor no Programa de Pós-Graduação em Geografia da UFRGS, a tese intitulada “Os Climas do Rio Grande do Sul: variabilidade, tendências e tipologia” de autoria de Maíra Suertegaray Rossato apresenta, através de dados atualizados (1970-2007), o quadro climático do Estado a partir de uma nova classificação para os climas do RS.

Esta tese centrou-se no estudo analítico do clima do estado do Rio Grande do Sul (Brasil), com foco na variabilidade (espaço-temporal) dos elementos climáticos-meteorológicos e na abordagem de suas tendências. Associa-se a esta análise, o reconhecimento das variabilidades climáticas em escala regional para o período de 1931-2007, através da comparação das médias do período analisado com as normais climatológicas de 1931-1960 e 1961-1990.

A partir desta construção, busca-se a atualização do conhecimento da climatologia relativa ao Rio Grande do Sul, sintetizada a partir da elaboração de uma classificação climática que incorpora o uso de novas metodologias e tecnologias.

O método de classificação climática desenvolvido contemplou análises qualitativas e quantitativas, tendo por base a integração entre os elementos do clima e a circulação atmosférica de superfície (dinâmica das massas de ar), articulados a técnicas estatísticas e geoestatísticas.

Comparando as normais climatológicas do estado

A análise da variabilidade dos elementos climáticos para o período entre 1931 e 2007 indica que as temperaturas mínimas se elevaram em muitos lugares do RS, levando a uma redução da amplitude térmica. Com isso, revela-se o aumento das temperaturas médias em até 0,5oC, particularmente em algumas localidades da metade centro-norte do estado, sendo este aumento maior no período de 1970-2007.

Percebe um aumento da precipitação até a normal de 1961-1990, mas em muitas partes do RS, como na porção oeste do estado, a média seguinte aponta redução nos totais mensais e anuais. Localidades situadas no leste e extremo norte do estado registraram elevação dos totais das chuvas, principalmente na primavera e verão no período de 1970-2007.

A variabilidade identificada entre as médias relacionam-se com alguns dos ciclos ligados a eventos de macroescala encontrados nas séries temporais. A variabilidade dos totais pluviométricos registrados na comparação de médias pode ser explicada por ciclos, como os de ENOS, por exemplo. Os ciclos decenais e quinzenais que foram identificados em várias séries, principalmente nas de temperatura, de insolação e de pressão atmosférica podem explicar a variabilidade das médias, embora não sejam explicitados nos seus valores finais.

Tendências para a temperatura e precipitação

A análise de tendências lineares e polinomiais indicou tendências estatisticamente pouco importantes, uma vez que os coeficientes de correlação encontrados variam de fracos a moderados.

De forma geral, nota-se reduzida tendência de diminuição da amplitude entre as temperaturas máximas e mínimas em localidades situadas em todos os compartimentos geomorfológicos do RS. Essa redução se explica, principalmente, pela maior elevação das mínimas em relação às máximas, como no sudoeste, centro e nordeste do Estado, indicando uma pequena, mas possível diminuição dos núcleos frios do estado.

Em relação à precipitação e umidade, não foram registrados aumentos importantes nos totais pluviométricos mensais e nem nos dias de precipitação mensais para os 38 anos estudados. Os totais pluviométricos anuais, contudo, ratificaram, através da tendência linear, a possível elevação dos valores de chuva ao ano com tendência de concentração. Isto porque os pontos em que se identificou maior tendência de aumento localizavam-se no setor centro-leste da Depressão Central estendendo-se sobre o Planalto Basáltico, Escudo Sul-riograndense e Litoral.

A análise da tendência polinomial, entretanto, aponta pontos do estado em que há redução nos totais anuais a partir do final dos anos de 1990 e início de 2000. Localidades na Depressão Central, no norte e centro do Planalto Basáltico, além do extremo sul do Litoral registram esse decréscimo. Os municípios do leste do Planalto Basáltico, do Escudo Sul-riograndense e do Litoral apresentaram aumento de seus totais anuais a partir dos anos de 1990.

Estas distribuições diferenciadas acentuam características já identificadas em algumas regiões de falta ou de excesso de umidade, intensificando diferenças regionais através da concentração de precipitação.

Os Climas do Rio Grande do Sul

Com relação ao regime climático, pode-se dizer que os sistemas polares são os grandes dinamizadores dos climas do estado, em interação com os sistemas tropicais. Entretanto, é a partir da relação destes com os fatores geográficos locais e regionais, que se define a variabilidade espacial dos elementos do clima. A gênese das chuvas está, principalmente, associada aos sistemas frontais.

Com relação à tipologia climática, o estado do Rio Grande do Sul situa-se em área de domínio do Clima subtropical, subdividido em quatro tipos principais (clique na figura abaixo para ampliar!!):

Subtropical I – Pouco Úmido (Subtropical Ia – Pouco Úmido com Inverno Frio e Verão Fresco, e Subtropical Ib – Pouco Úmido com Inverno Frio e Verão Quente);

Subtropical II: Medianamente Úmido com Variação Longitudinal das Temperaturas Médias;

Subtropical III: Úmido com Variação Longitudinal das Temperaturas Médias; e

Subtropical IV – Muito Úmido (Subtropical IVa – Muito Úmido com Inverno Fresco e Verão Quente, e Subtropical IVb – Muito Úmido com Inverno Frio e Verão Fresco).

O Rio Grande do Sul apresenta regiões climaticamente bem diferenciadas, evidenciando certa heterogeneidade, ao contrário de grande parte das classificações climáticas mais conhecidas do estado.

Esse mapeamento climático revela dados interessantes, na medida em que evidencia distribuição espacial desigual das chuvas, permitindo observar, por exemplo, uma menor umidade em parte da região denominada Campanha no RS (reverso da Cuesta do Haedo), resultado da distribuição irregular que em determinados anos se releva em períodos com anomalias negativas de precipitação constatados pela população e amplamente divulgados pelos meios de comunicação.

Da mesma forma este processo se revela importante na decifração das características do clima do sul do estado permitindo uma melhor compreensão das anomalias negativas da precipitação na região de Bagé e seu entorno, no Escudo Sul-riograndense. Anomalias que se revelam também no litoral sul e que tem sua gênese associada à influência da corrente fria das Malvinas que promove mais estabilidade.

Outro ponto significativo é o papel do processo de urbanização do leste do estado revelador de uma área de temperaturas médias mais altas, mesmo tendo esta área influência da maritimidade.

É importante mencionar que esta tese traz como resultado uma classificação climática em escala regional para um período recente que inovou ao incluir na metodologia analises quantitativas e qualitativas em diferentes escalas temporais e que procura apresentar de forma simples e direta as características importantes de diferentes porções do estado. Isso fez com que os quatro tipos e dois subtipos climáticos sejam bem representativos do RS.


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O racismo banalizado

Excelente texto do Vice-Presidente do Sport Club Internacional, Roberto Siegmann, sobre o fato imperdoável e profundamente lamentável de racismo, que ocorreu no último Gre-Nal no estádio Olímpico, por parte de uma minoria estúpida e doente da torcida do Grêmio contra o cidadão e atleta do já referido clube, Zé Roberto. Leiam, pois vale muito a pena!!

Por Roberto Siegmann

Um dos aspectos mais repugnantes da humanidade é o racismo. Foi  o responsável pelas mais absurdas passagens da história do homem: escravidão, preconceito nos Estados Unidos e na África do Sul, entre tantos outros episódios nefastos. Milhares de pessoas foram tratadas como sub-humanas em razão da cor da pele. Claro que há outros preconceitos que devem ser combatidos e repudiados, mas esse é o mais abjeto, pois decorre de uma questão genética.

Domingo passado, quando o Internacional pela 40ª vez sagrou-se Campeão Gaúcho, assisti perplexo a uma cena primitiva. Torcedores das cadeiras e sociais do Estádio Olímpico gritavam “macaco…. macaco…”, enquanto o atleta Zé Roberto aquecia para entrar em campo. Quando o jogador entrou em campo, dando um verdadeiro show de bola, lembrei logo daquele episódio nos Jogos Olímpicos de 1936, quando em plena Alemanha nazista, Hitler desfez do atleta americano negro Jesse Owens. Pois mesmo contra tudo e contra todos, Owens venceu quatro medalhas olímpicas deixando irado o ditador germânico. Naquela época os fundamentos ideológicos repousavam na idéia racial de que havia uma raça ariana superior às demais.De volta à nossa realidade e ao episódio com Zé Roberto, apenas algumas manifestações de narradores, repórteres e comentaristas noticiaram o fato no Estádio Olímpico. Mas, com todo o respeito a eles, nada além disso. Da mesma forma, os procuradores do TJD, órgão administrativo da FGF, nada fizeram. Repito: o fato foi público e notório. Parece que a FGF está mais preocupada com palavrões e ilações absurdas para noticiar aos seus procuradores do que com um fato que é criminoso e odioso.
Imediatamente, vendo a reação do nosso jogador, tomei as providências cabíveis para noticiar com provas o ocorrido ao presidente da FGF. Soube hoje que a Segunda Delegacia de Polícia Civil instaurou inquérito para investigação do fato. Enquanto isso, meu Twitter foi invadido uma vez mais por racistas, neonazistas e jovens arrogantes que se postam como se integrassem uma elite inimputável. Um absurdo.Amanhã mesmo vou abastecer meu requerimento e a delegada responsável com mais provas, inclusive manifestações da Internet. Algumas questões, todavia, ficam sem resposta: Onde estão os movimentos de defesa da igualdade racial? Onde está o Ministério Público? O que fará o TJD para punir a agremiação pelo ato de seus sócios? Por que a imprensa não repudia com veemência o ocorrido? Por que as empresas de comunicação não lançam campanha contra isso?Tenho orgulho de ser gaúcho, mas não há dúvidas de que o nosso estado convive com uma banalização do racismo. Já vi manifestações racistas até mesmo nas cadeiras do Beira-Rio. Algo tem que ser feito. Um cidadão que assiste a uma manifestação racista deveria chamar um policial, denunciar e exigir a prisão em flagrante do ofensor.
Peço desculpas ao Zé Roberto por tudo que tem ocorrido com ele nessa cidade e nesse estado. Infelizmente temos uma elite burra e que muitas vezes não tolera ver um negro em evidência. De qualquer maneira, isto tem que mudar um dia. Não podemos tolerar esta banalização do racismo. E que atos como o do último domingo sejam denunciados e combatidos sempre.


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Marinha começará produzir combustível para submarino nuclear

A Marinha deve começar a operar a nova unidade de conversão para produção de combustível para o submarino nuclear em setembro próximo e, até 2014, deverão estar prontas as instalações para os testes do reator que vai ser usado no submarino. A unidade de conversão e o reator estão sendo construídos no Centro Experimental de Aramar, localizado na cidade de Iperó, interior de São Paulo, onde está parte das atividades de pesquisa e desenvolvimento da Marinha.

Submarino nuclear brasileiro

A ideia de ter um submarino nuclear brasileiro surgiu há mais de 20 anos, mas o programa andou a passos muito lentos, com projetos e encomendas pontuais de construção de componentes para o submarino. O acordo entre os governos do Brasil e da França, em 2008, trouxe novo alento ao projeto brasileiro de ter um submarino nuclear. A previsão é de que o primeiro submarino nuclear nacional fique pronto em 2022.

O acordo define que a França vai trabalhar os aspectos da engenharia naval, dos sistemas eletrônicos e dos armamentos. Técnicos brasileiros serão treinados na França e há previsão de transferência de tecnologia para o Brasil. Serão fornecidos os submarinos Scorpenes, da empresa Direction des Constructions Navales et Services (DCNS).

Além dos quatro convencionais, o acordo prevê a construção do submarino nuclear, mas, nesse caso, a França vai entrar apenas com a parte não nuclear do projeto, ou seja, o Brasil é subcontratado pelos franceses para desenvolver o reator nuclear.

Propulsão nacional

A tecnologia da propulsão será nacional, explicou o contra-almirante Luciano Pagano Júnior, superintendente do programa do submarino nuclear, no seminário “Marinha do Brasil: o Programa do Submarino Nuclear Brasileiro (PROSUB)”, organizado pelo Observatório da Inovação e Competitividade, do Instituto de Estudos Avançados da USP, realizado na Escola Politécnica da USP, em São Paulo no dia 2 de maio.

Será responsabilidade nacional também construir o estaleiro que fabricará o novo submarino e também a base da Marinha de onde ele vai atuar quanto entrar em operação. Os franceses participam como parceiros desses projetos, pois servirão para construção dos submarinos convencionais. Mas as demandas da Marinha relacionadas ao submarino nuclear vão requerer investimento em desenvolvimento tecnológico, já que um estaleiro e uma base para uma embarcação movida a propulsão nuclear difere, em aspectos técnicos e, principalmente, de segurança, de empreendimentos convencionais do setor.

Segundo o contra-almirante, a nova base da Marinha que deverá abrigar o submarino nuclear ficará na Baía de Sepetiba, no litoral sul do Rio de Janeiro, próximo do Porto de Itaguaí. O processo de licenciamento ambiental está em análise no Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e o licenciamento da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), responsável por analisar o aspecto da segurança no caso de empreendimentos nucleares, está em andamento.

Já em setembro deste ano deve entrar em operação a unidade de conversão no Centro Aramar, em São Paulo. Ela fará uma etapa da produção do combustível nuclear – a conversão do chamado yellow cake, o urânio em forma de pó, para o gás hexafluoreto de urânio. É preciso converter para gás porque assim fica mais fácil separar o urânio 235, presente em mais baixa concentração no mineral, mas que interessa para fazer o combustível, do urânio 238, seu isótopo, que não interessa para fins de geração de energia. Atualmente, o Brasil faz a etapa de conversão no exterior.

Combustível para submarino nuclear

A unidade de conversão em Iperó é considerada piloto e vai atender apenas as demandas da Marinha relacionadas ao abastecimento de combustível do submarino nuclear. As necessidades das usinas nucleares brasileiras, portanto, não serão atendidas pela nova unidade de conversão da Marinha. Isso ocorre por causa do volume de combustível nuclear necessário para o submarino, bem menor do que a demanda das usinas.

A unidade da Marinha poderá converter até 40 toneladas de yellow cake por ano e, para as usinas Angra 1, 2 e 3, é preciso converter 500 toneladas do produto. Já os prédios que abrigam o reator e as turbinas são parte do Laboratório de Geração Nucleo-Elétrica (Labgene) que, na verdade, é um protótipo em terra do submarino nuclear, onde serão feitos os testes.

O reator nuclear ali desenvolvido será o primeiro totalmente construído no Brasil. Ele é cem vezes menor do que o reator da usina Angra 2, por exemplo. “Estamos construindo dentro do prédio uma espécie de charuto de aço não-resistente que simula o tamanho do submarino, para anteciparmos problemas na montagem do reator no submarino”, comentou o oficial da Marinha durante a palestra na USP.

Propulsão elétrica com energia nuclear

A energia que o reator vai produzir servirá para movimentar o submarino e alimentar sistema de iluminação, sistemas eletrônicos e outros utilizados pela embarcação. Os principais equipamentos para sua construção foram adquiridos ao longo dos anos.

Apesar do nome, o submarino brasileiro não usará armamento nuclear. Já o motor em si, será elétrico – “O primeiro a ser testado será um motor francês [fornecido pela empresa francesa Jeumont], parte da nossa parceria com a França. Mas queremos desenvolver o motor também no Brasil e já temos dois parceiros potenciais, a Vale Soluções em Energia e a Weg”, afirmou Pagano. Há outros parceiros privados no projeto, como a Odebrecht, que está entrando no segmento de Defesa e vai participar da construção do estaleiro em conjunto com a francesa DCNS; a Jaraguá, a estatal Nuclep, Smar, Bardella, entre outras.

Pagano afirmou ainda que o grupo de P&D da Marinha que fica na base situada na Ilha do Governador (RJ) não trabalha com tecnologias nucleares. Os técnicos estão discutindo como os sistemas relacionados ao reator serão desenvolvidos. “A ideia é fazer isso com empresas, ter tecnologia desenvolvida em parceria e comercializada depois [tecnologia dual, usada no setor de Defesa, mas com potencial de aplicação na área civil]”, disse. Mas ele lembrou que muitas das empresas que já forneceram tecnologia para o programa nuclear da Marinha desapareceram. “As empresas precisam de fluxo de encomendas, elas tentam dar um caráter dual, mas nem sempre é possível”, apontou.

Ele lembrou, ainda, que é comum o governo dos EUA encomendarem novos submarinos mesmo que sua Marinha não esteja precisando. Isso é feito apenas para preservar o conhecimento adquirido pelas empresas no desenvolvimento de tecnologia para o setor. “Imagina, no Brasil, se a gente fizer isso. O arcabouço legal é diferente”, acrescentou.

Ele contou que a Marinha fez uma licitação, certa vez, para fornecimento de ligas de alumínio. A empresa vencedora colocou um preço bastante abaixo do mercado, garantindo que atenderia as especificações técnicas pedidas. Por vencer a licitação, já que ofereceu o menor preço, a empresa foi contratada para o fornecimento. A empresa tentou trazer o alumínio da China e não conseguiu porque não atendia as especificações, e não há na lei brasileira nada para tratar dessa situação. “A Lei de Licitação não serve bem para essa área de P&D”, opinou.

Submarinos brasileiros

O programa de construção de submarinos no Brasil começou em 1983, a partir de uma parceria com a Alemanha, mas que não previa transferência de tecnologia nem a construção de submarinos nucleares. Pelo acordo, um submarino foi totalmente feito na Alemanha e os outros três no Brasil, mas o projeto foi todo europeu, sem participação de técnicos nacionais.

“Entre a década de 1990 e 2007, vivemos um período de orçamento vegetativo, que era suficiente para manter o que o Brasil já tinha [em relação ao programa de submarino e às pesquisas nucleares]. Mas foram anos difíceis, em que a crise impactou o volume de investimento público e privado”, apontou o contra-almirante Pagano Júnior.

Segundo ele, apenas a partir de 2008, quando surgiu o Programa de Desenvolvimento de Submarinos (Prosub) e foi assinada a parceria com os franceses, o governo passou a manter um padrão mais estável na execução orçamentária, sem os contingenciamentos de recursos, frequentes no período anterior.

Contudo, em 2011, diante da necessidade de corte no orçamento, a presidente Dilma Rousseff reduziu a verba disponível para o Prosub de R$ 2,1 bilhões para R$ 1,5 bilhão – mas, até o momento, o corte não levou a mudanças substanciais no cronograma do projeto. O contrato com a França no âmbito do Prosub prevê multas para o caso de atraso do Brasil no repasse do dinheiro para que os franceses executem sua parte do projeto. Os investimentos para todo o Prosub são de € 6,7 bilhões (R$ 15,8 bilhões).

Por que um submarino nuclear?

No seminário apresentado na USP, o contra-almirante justificou a opção da Marinha em ter um submarino nuclear. O primeiro é estratégico: aproveitar que o Brasil tem reserva de urânio e sabe fazer o processo de enriquecimento. O segundo aspecto é puramente técnico: o submarino convencional, movido por motor a diesel, fica muito menos tempo submerso do que o nuclear e é menos veloz.

Quando submerge, um submarino convencional precisa desligar motor para não gerar gases de exaustão, o que faria uma contrapressão na coluna de água marítima e impediria a submersão. Os convencionais são mantidos por baterias quando submersos, e o tempo que podem permanecer escondidos embaixo da água é o da duração das baterias. “O tempo de submersão é a proteção do submarino, que não tem muitos mecanismos de defesa. Ele precisa estar escondido, na superfície é um alvo vulnerável”, explicou. Submarinos nucleares podem ficar meses submersos – o limite é o estresse da tripulação. Também atingem velocidades superiores em relação aos submarinos convencionais, o que é vantajoso em situações de fuga ou perseguição. O primeiro submarino nuclear do mundo a entrar em operação foi o Nautilus, em 1954, construído pelos EUA.

Hoje, esse tipo de embarcação é produzido pelos Estados Unidos, Rússia, China, Reino Unido e França. A Índia chegou a lançar um submarino nuclear em 2009, o INS Arihant, mas circularam informações extraoficiais, na época, sobre o submarino apresentado não ter sido equipado com o reator nuclear. Em agosto de 2010, a Rússia entregou à Índia o submarino nuclear Nerpa, em regime de aluguel, com opção de compra por parte dos indianos. O Nerpa sofreu um acidente em novembro de 2008, quando 20 pessoas morreram e outras 41 ficaram feridas depois da ativação do sistema de extinção de incêndios, durante testes de navegação.

Fonte: http://www.inovacaotecnologica.com.br


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Crônica de um GreNAL cheio de reviravoltas

Tem razão Zé Roberto: o futebol é fascinante porque é um dos poucos esportes que permitem a recuperação rápida, muitas vezes no próprio jogo.

No Gre-Nal decisivo deste domingo (15 de maio de 2011), por exemplo, dois destes personagens se destacaram: Renan, candidato a vilão depois de falhar no segundo gol do Grêmio (que levou a decisão do Gauchão para os pênaltis), defendeu três das sete cobranças; e Zé Roberto, olhado com desconfiança pelo torcedor do Inter, mudou a cara do time ao entrar em campo aos 28 minutos do primeiro tempo e bateu o pênalti que garantiu a vitória de 5 a 4 na série (3 a 2 para o Inter no jogo), a conquista do título do Gauchão e a festa dos jogadores no palco armado (foto) no gramado do Olímpico.

Zé Roberto começou a surgir como personagem quando o técnico Falcão corrigiu um erro grave de avaliação ao escalar o time. Ele mudou o esquema e escalou Juan na lateral-esquerda, na esperança de que Kleber pudesse render mais ao ser adiantado. Nada disso funcionou.

O Inter parecia perdido, sem saída de seu campo, com a defesa insegura e absolutamente impotente diante da troca de passes rápidas dos jogadores do Grêmio. O que parecia difícil para o Inter – vencer o velho rival por dois gols de diferença, depois da derrota de 3 a 2 na primeira partida – ficou ainda mais complicado aos 15 minutos, quando Douglas fez um lançamento excepcional e encontrou Lúcio livre, atrás dos zagueiros. Ele esperou o melhor momento e concluiu na saída de Renan, fazendo 1 a 0.

Três minutos mais tarde, Renan fez grande defesa, evitando o gol de Viçosa, e aos 24, Douglas chutou com perigo, de longe. O Grêmio seguia bem melhor.

Então, aos 28 minutos, Falcão começou a corrigir seu equívoco: mandou Zé Roberto (na foto, ao vibrar com o gol do último pênalti)entrar em lugar de Juan. Até a escolha foi olhada com desconfiança: por que Zé Roberto, que praticamente não foi utilizado por Falcão, e não Oscar? Bastaram poucos minutos para que Zé Roberto provasse que a escolha tinha sido acertada.

Quem anotou os lances percebeu isso claramente: Zé Roberto entrou aos 28; aos 29, Damião obrigou Victor a grande defesa; aos 31, Zé Roberto começou a jogada pela esquerda e, ao receber a bola, Damião girou sobre o marcador e concluiu rasteiro, empatando o Gre-Nal; aos 34, Leandro concluiu pela única vez para o Grêmio neste período; e aos 45, no último lance, depois de escanteio, Andrezinho pegou a bola fora da área e, de chapa do pé direito, acertou o canto esquerdo de Victor, virando o Gre-Nal.

Portanto, em pouco mais de 15 minutos, a partir de uma correção de erro, o Inter saiu de um momento de instabilidade, de derrota e virou para 2 a 1 ainda no primeiro tempo.

No segundo tempo, Andrezinho foi substituído logo aos quatro minutos por sentir dores na perna. Passou por um teste no vestiário, achou que poderia resistir, mas entrou no gramado já mancando. Oscar foi outro acerto de Falcão. Deu mais movimentação em campo e velocidade ao ataque.

Damião perdeu o terceiro gol aos 11, em outra jogada de Zé Roberto, mas o Grêmio reagiu e o clássico ficou equilibrado e empolgante neste período. O Grêmio teve chances aos 12 (Viçosa) e 18 (Douglas), mas sua defesa cometeu um vacilo espantoso aos 27 minutos: ficou parada na cobrança de lateral, Zé Roberto entrou na área, driblou Victor e sofreu pênalti. Ele mesmo, Zé Roberto. Na cobrança, o argentino D’Alessandro chutou com precisão e fez o terceiro.

O resultado era o que o Inter buscava para ganhar o título: virada, dois gols de diferença e bem mais seguro em campo. Os dois times passaram a atacar o tempo todo e transformaram este Gre-Nal num dos melhores dos últimos anos. Então, quando a partida parecia se encaminhar para a decisão a favor do Inter, o segundo personagem da partida apareceu: em um cruzamento, Renan subiu, defendeu sem dificuldade, mas ao descer bateu em Índio e deixou a bola escapar. Borges, que entrara pouco antes, bateu para o gol vazio e fez o segundo do Grêmio.

Os 3 a 2 levariam para a série de cobranças da marca do pênalti, mas os times não desistiram. Zé Roberto quase marcou aos 43, ao chutar de longe e forçar Victor a uma grande defesa, e o Grêmio respondeu aos 46, já nos acréscimos, quando Douglas fez a jogada, passou a Lins, mas o atacante chutou por cima.

Fim de clássico, um jogo empolgante. Foram 10 gols em dois Gre-Nais decisivos do Gauchão. Ou seja: mesmo com avaliações eventualmente equivocadas, os dois técnicos gostam do ataque – e seus times perseguem a vitória, mesmo em um clássico.

Leandro Vuaden, o árbitro, seguiu o critério de Márcio Chagas, tão criticado no Gre-Nal da Taça Farroupilha por escolher a goleira perto das torcidas dos dois times, e escolheu a da esquerda das cabinas, onde havia gremistas e colorados.

Na cobrança, os personagens mais uma vez se destacaram. Os pênaltis, três deles defendidos por Renan (na foto, um deles) foram assim:

1 a 0: Douglasbate no canto esquerdo

1 a 1: D’Alessandro chuta alto, no ângulo esquerdo

1 a 1: Magrão bate e Renan defende no canto direito. Foi sua primeira defesa

1 a 1: Damião também erra. O chute é defendido por Victor no canto direito

2 a 1: Fábio Rochemback bate na direita e vira para o Grêmio

1 a 2: Kleber bate no canto direito, Victor faz sua segunda defesa e mantém a vantagem do Grêmio

2 a 1: Lúcio chuta forte, mas Renan defende de novo, no canto esquerdo

2 a 2: Oscar bate bem, na direita, e empata a série de pênaltis para o Inter

3 a 2: Lins chuta alto, no meio do gol, e faz o terceiro do Grêmio

3 a 3: Bolatti bate no canto esquerdo, Victor chega a tocar na bola, mas não evita o empate

A partir daí, as cobranças passaram a ser alternadas:

4 a 3: Rodolfo bate bem, de pé esquerda, no canto esquerdo

4 a 4: Nei chuta bem e empata de novo

4 a 4: Adílson chuta no canto direito e Renan faz sua terceira defesa nos pênaltis

5 a 4: Zé Roberto, para completar sua grande atuação, cobra com categoria e define a vitória e a conquista do título do Gauchão pelo Inter.

Por Mário Marcos

Fonte: http://www.mariomarcos.wordpress.com


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Climatologia e saúde: tudo a ver!!!

Excelente artigo do Professor Eugênio Hackbart em sua coluna do jornal ABC do Vale do Sinos. Como de praxe, sempre é bom ler o que o mestre tem a dizer.

Abraços e continuem ligados!!!

Dakir Larara