Blog do Daka

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Fazenda espacial começará a ser testada na Antártica

Éden no espaço

Enquanto procuram ardentemente por exoplanetas na zona habitável, os humanos também se dedicam cada vez mais a preparativos para viver fora da zona habitável da Terra.

Isso inclui primariamente as viagens espaciais, certamente, mas não só. As preocupações ambientais estão levando cada vez mais pesquisadores para as regiões polares, e lá também é difícil manter laboratórios “sustentáveis” – que possam produzir seu próprio alimento, pelo menos.

A DLR, a agência espacial da Alemanha, está desenvolvendo fazendas modulares que possam ser enfiadas dentro de invólucros adequados a cada uma dessas situações.

O protótipo da estufa “Estufa Eden ISS” será testado na estação polar alemã Neumayer III, na Antártica, mas o projeto já prevê a nova etapa, em que tudo será acondicionado em formato de tubo e enviado ao espaço – primeiro para a Estação Espacial Internacional (daí o ISS no nome desse “jardim do Éden” miniaturizado) e, mais no futuro, para a Lua ou Marte.

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A Antártica será o primeiro passo para a aestufa alimentar humanos no espaço, na Lua e em marte (Fonte: DLR)

Aeroponia

“Primeiro de tudo, precisamos fornecer as necessidades básicas das plantas na estufa polar, que não podem ser presumidas como existentes na Antártica,” explicou Paul Zabel, coordenador do projeto. “Tubos para fornecer água em quantidades adequadas, lâmpadas para fornecer a luz adequada e até filtros e bicos para aspergir uma solução promotora do crescimento [das plantas] devem ser colocados e postos para funcionar.”

Afinal, manter a água em estado líquido é um desafio nos -30º C da Antártica, e as plantas vão precisar de luz durante a escuridão da noite polar, que dura meses. Isto sem contar um isolamento térmico que permita uma temperatura adequada aos vegetais. Sem dúvida, um bom teste para uma estufa espacial.

As plantas serão cultivadas por um processo chamado aeroponia: “A água não é fornecida diretamente às plantas, ela é controlada por computador para adicionar uma solução especial de nutrientes. A cada cinco a 10 minutos, as plantas são aspergidas automaticamente com essa mistura de água e nutrientes, de forma que elas podem ser cultivadas completamente sem solo,” explicou Zabel.

Além de evitar problemas de contaminação, o cultivo aeropônico evita a necessidade de carregar grandes quantidades de solo, e a água pode ser reutilizada continuamente.

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Todo o sistema já foi projetado para ser construído na forma de um laboratório espacial, que possa ser anexado à Estação Espacial Internacional ou a uma nave de longo alcance. (Fonte: DLR)

Agricultor do futuro

E enquanto a fama do CO2 vai de mal a pior por conta do aquecimento global, o gás da vida – as plantas respiram dióxido de carbono – terá que ser levado em cilindros pressurizados, o que ajudará a manter o ambiente livre de germes e esporos – com a ajuda de um conjunto de filtros e um sistema de esterilização por ultravioleta. Isto porque, já prevendo o uso da estufa no espaço, o circuito de fornecimento de ar é completamente fechado, incluindo uma escotilha, pela qual Zabel entrará diariamente na estufa para monitorar tudo e, eventualmente, fazer a colheita.

Todo o sistema está sendo montado em um laboratório da DLR na cidade de Bremen, onde serão feitos testes iniciais sem os rigores das “zonas inabitáveis”. A estufa polar deverá ser levada para a Antártica em Outubro de 2017.

Fonte: http://www.inovacaotecnologica.com.br


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Até onde, nós humanos, poderemos ir?!

Por Leandro Amaral (www.updateordie.com)

O vídeo está logo abaixo. Não esqueça de acionar as legendas!!

Essa não é uma pergunta muito fácil de se fazer. O que entendemos como tempo, espaço e até mesmo vida estão completamente ligados ao período em que vivemos e nosso avanço científico decorrente dele.

A tão sonhada e especulada viagem espacial, por exemplo, não é uma realidade ainda mas adoramos imaginá-la e ver nossos decendentes um dia pisando em planetas longínquos, talvez até mesmo fora do próprio Sistema Solar.

Que bom que teremos todo o tempo do universo pra explorá-lo, não? Infelizmente, não.

Enquanto as galáxias próximas ficam cada vez mais próximas, as galáxias distantes ficam cada vez mais distantes. E a uma velocidade que não podemos nem sonhar em atingir.

Essa animação explicativa do incrível Kurzgesagt mostra a realidade que deixa sonhadores e fãs de ficção científica como eu BEM aflitos: essa incrível era de exploração espacial terá seu ápice bem mais limitado do que escrevem os grandes autores.

Mas isso, claro, com os conhecimentos científicos que temos hoje. Há sempre chance de que as coisas mudem.

Abraços

Dakir Larara


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Ventusky – A Previsão do Tempo Interativa do Mundo Inteiro

Por Leonardo Amaral (www.updateordie.com)

Esqueça a previsão do tempo do jornal na tv!

O VentuSky é resultado do monitoramento da empresa de meteorologia tcheca InMeteo, que analisa em intervalos bem curtos de tempo algumas variáveis ao redor do mundo.

O mais legal: o mapa apresenta movimentações de ar animadas, como uma pintura de Van Gogh em movimento. Parece menos a previsão do tempo e mais alguma experiência de imersão na obra do artista.

Além da temperatura, há a precipitação, velocidade dos ventos, pressão do ar, velocidade dos ventos, presença de nuvens e até mesmo a altitude em que a temperatura atinge 0˚C.

O Brasil como está? Com mais ou menos 15˚C no Sul e 30˚C no Norte.

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Para, comparar, nesse mapa de temperaturas, esse é o deserto do Sahara (a escala não está aparecendo nessa imagem, mas essa cor predominante é em torno de 40˚C a 50˚C).

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Mas e a incidência de neve na América do Sul? Bem… em volume expressivo que possa ser captado, só no sul dos Andes.

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É um mapa interativo bem interessante de ser percorrido e, de vez em quando, até serve para saber como anda a situação em algum lugar específico.

Abraços

Dakir Larara


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Observatório disponibiliza informações dos oceanos em tempo real

Oceanos na internet

Muitos dos segredos dos oceanos agora estão acessíveis 24 horas por dia, sete dias por semana, para cientistas, educadores e qualquer pessoa que tenha acesso à internet.

Após dez anos do projeto que demandou investimentos de quase US$ 400 milhões, a Iniciativa de Observatórios Oceânicos (OOI, na sigla em inglês), criada pela Fundação Nacional de Ciência dos Estados Unidos, vai garantir presença humana permanente nos oceanos.

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A OOI também instalou um observatório no chão tectonicamente ativo no norte do Pacífico. [Imagem: OOI/Universidade de Washington]

A rede de plataformas e sensores da OOI rastreia propriedades físicas, químicas, geológicas e biológicas do fundo e da superfície do mar e gera dados em tempo real.

O objetivo do projeto é que os dados aumentem a compreensão sobre terremotos e mudanças nas placas tectônicas e permitam conhecer espécies que vivem em fontes hidrotermais, além entender fenômenos climáticos e meteorológicos como o El Nino.

Instrumentos de pesquisa marítima

O projeto inclui robótica submarina, cabos de fibra óptica e instrumentação especializada. A OOI tem 83 plataformas com mais de 830 instrumentos espalhados em sete matrizes oceânicas localizadas no Atlântico e no Pacífico. Cada plataforma conta com uma combinação de aparelhos que geram milhares de informações.

A OOI instalou também um observatório no chão tectonicamente ativo no norte do Pacífico, outros próximos às costas leste e oeste dos EUA e quatro em locais de alta latitude, perto da Groenlândia, do Alasca, da Argentina e do Chile.

A expectativa é que o esforço produza um salto no conhecimento oceanográfico, como aconteceu há décadas quando balões e foguetes de sondagens começaram a estudar a atmosfera terrestre.

Acesso gratuito

A página da OOI está aberta a qualquer usuário interessado em acessar os dados gratuitamente, com disponibilização das informações coletadas em tempo real. No portal, em inglês, é possível assistir a transmissões ao vivo em alta definição de fontes hidrotermais, por exemplo, fissuras no fundo do mar que ainda são tidas como um mistério para a ciência.

A expectativa é que as informações sejam usadas por professores para ensinar conceitos oceanográficos a estudantes e que também ajude na administração pesqueira, podendo ser consultadas por pescadores que queiram saber as condições do mar para planejar a atividade.

O endereço é http://education.oceanobservatories.org/.

Fonte: http://www.inovacaotecnologica.com.br


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A Filosofia do Mestre Yoda em 8 Frases

Ótimo post do amigo Vinícius Ingracio!

Blog do Ingracio

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Para quem gosta de Star Wars, conhece esse ícone acima, e muitos que não gostam ou nunca viram, duvido que não conheçam.
Mestre Yoda e suas falas nos filmes são sempre lembrados em vários textos e imagens.
Encontrei no site Obvious, uma publicação de Renato Collyer muito legal e deve ser lida com atenção.

A publicação relaciona a Filosofia Jedi ou a Filosofia do Mestre Yoda, com a sociedade e os seus relacionamentos. Muito legal, vale a pena!

Para acessar clique na imagem!

Abraços

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Geografia do Brasil

Blog do Ingracio

Pessoal, fiz download do Atlas que o Professor Dilermano indicou para os seminários.
Fiz a junção dos arquivos em um único, segue abaixo o link:

Atlas Nacional Milton SantosFonte IBGE

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Batman Vs. Superman: trailer final saiu do forno!

Foi lançado hoje o trailer final de Batman vs Superman – A Origem da Justiça, sequência de Superman – O Homem de Aço, o reinício da franquia cinematográfica da Warner Bros. sobre o personagem da DC Comics, que colocará o homem-morcego contra o último filho de Krypton, resultando no primeiro encontro cinematográfico dos dois mais icônicos de todos os super-heróis. O vídeo é sensacional! Confira logo abaixo:

No trailer vemos bastante o Batman em ação de um modo como nunca foi mostrado antes, além de mais detalhes de sua batalha contra o Superman. Também temos vislumbres de Alfred Pennyworth (pilotando o batwing por controle remoto!), Lois Lane, Martha Kent e, especialmente, do vilão Lex Luthor e da Mulher-Maravilha.

Sem dúvida, o melhor trailer do filme até agora, sobretudo pelo fato do trailer anterior, segundo alguns fãs e certos críticos especializados, terem dito que ele revelava muito sobre a trama. Não concordo!! Creio que o que foi mostrado foi só a ponta do iceberg…

Em Batman vs. Superman – A Origem da Justiça, o mundo lida com as consequências da batalha do Superman contra Zod, que destruiu metade da cidade de Metropolis no filme Superman – O Homem de Aço. Parte da população vê o último filho de Krypton como um herói, mas outra parcela o teme e o culpa pela tragédia. Enquanto precisa lidar com investigações e questionamentos sobre seu comportamento, Clark Kent está investigando o misterioso vigilante urbano conhecido como Batman, da cidade de Gotham City, que há 20 anos age à margem da lei. Secretamente, este é Bruce Wayne, empresário que teve um de seus prédios destruídos na batalha e que viu muitos amigos morrerem, nutrindo ódio e desconfiança pelo Superman. Ao mesmo tempo, o vilanesco Lex Luthor manipula os bastidores para jogar o Superman contra o Batman e se livrar de ambos os problemas, levando a um épico combate entre os dois heróis.

Contudo, quando os planos não seguem o previsto, Luthor aciona uma alternativa: clonar o cadáver de Zod, o que resulta em um monstro poderosíssimo e descontrolado (Doomsday/ Apocalipse) que obrigará o homem-morcego e o homem de aço a unirem às forças entre si e com a Mulher-Maravilha. Além desses, o filme também trará a participação especial do Aquaman. Em Batman vs. Superman – A Origem da Justiça, o mundo lida com as consequências da batalha do Superman contra Zod, que destruiu metade da cidade de Metropolis no filme Superman – O Homem de Aço. Parte da população vê o último filho de Krypton como um herói, mas outra parcela o teme e o culpa pela tragédia.

Batman v. Superman – Dawn of Justice  é produzido por Deborah Snyder e Charles Roven, com roteiro de Chris Terrio (de Argo) e David S. Goyer (dos filmes do Batman e O Homem de Aço); e dirigido por Zack Snyder (de 300 Watchmen), funcionando como uma sequência de Superman – O Homem de Aço. O elenco traz Ben Affleck (Batman/Bruce Wayne), Henry Cavill (Superman/Clark Kent), Amy Adams (Lois Lane),  Jesse Eisenberg (Lex Luthor), Diane Lane (Martha Kent),Laurence Fishburne (Perry White), Jeremy Irons (Alfred Pennyworth), Gal Gadot (Diana Prince/ Mulher-Maravilha), Tao Okamoto(Mercy Graves), Holly Hunter (senadora Finch), Callan Mulvey (rumores dizem que fará Anatoli Kanyazev, o KGBesta) e Scoot McNairy (papel não revelado, mas rumores apontam Jimmy Olsen); e a participação especial de Jason Mamoa (Orin/ Aquaman). Rumores também dão papeis a Jena Malone (Barbara Gordon) e Eli Snyder(Robin/ Jason Todd). O lançamento será em 25 de março de 2016.

Superman foi criado por Jerry Siegel e Joe Shuster em 1938, estreando na revistaAction Comics 01, e desde então é publicado pela DC Comics.

Batman foi criado pelo cartunista Bob Kanee o roteirista Bill Finger, estreando na revista Detective Comics 27, de 1939 e desde então é publicado pela DC Comics.

Abraços

Dakir Larara


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MILES AHEAD, DIRIGIDO POR DON CHEADLE

Por Leonardo Amaral (Fonte: updateordie.com)

Miles Davis era uma força da natureza. Seja no palco improvisando, seja em sua paixão pelo boxe, seja onde for… 

Miles Ahead, dirigido e estrelado pelo excelente Don Cheadle, cuja obsessão pelo músico diz vir desde a infância, estreia em abril nos EUA e conta um pouco da vida acelerada de um dos músicos que mais marcou o jazz e – porque não? – o século XX. 

E, só pra deixar uma canjinha, essa versão de arrepiar de “Round Midnight” pelo “grupinho” do Miles.

Abraços

Dakir Larara

 


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Saiu o novo trailer de Batman Vs. Superman – A Origem da Justiça

Batman Vs Superman

Olá pessoas!!! Após o trailer do concorrente Capitão América – Guerra Civil ter batido recordes de visualização esta semana, é preciso fazer frente, não é mesmo? Saiu na madrugada de quarta-feira (3/DEZ) o novo trailer de Batman vs Superman – A Origem da Justiça, sequência de Superman – O Homem de Aço, o reinício da franquia cinematográfica da Warner Bros. sobre o personagem da DC Comics, que colocará o homem-morcego contra o último filho de Krypton, resultando no primeiro encontro cinematográfico dos dois mais icônicos de todos os super-heróis. Veja abaixo:

Em Batman vs. Superman – A Origem da Justiça, um Batman mais experiente irá se contrapor ao recém-surgido Superman, criando um conflito entre ambos, mais ou menos nos parâmetros da minissérie Batman: O Cavaleiro das Trevas, escrita e desenhada por Frank Miller, em 1986. Segundo os informes até agora, será um “novo” Batman e não uma sequência da Trilogia Cavaleiro das Trevas, embora a premissa de um homem-morcego mais experiente seja justamente adequada a isso.

Mulher-Maravilha também terá uma participação no filme. Lex Luthor é o vilão principal, mas também há o monstro Doomsday (Apocalypse), que será criado a partir de um clone do falecido Zod. Outros personagens da DC Comics, como Aquaman e Ciborgue, terão pequenas participações no filme.

Batman v. Superman – Dawn of Justice  é produzido por Deborah Snyder e Charles Roven, com roteiro de Chris Terrio (de Argo) e David S. Goyer (dos filmes do Batman e O Homem de Aço); e dirigido por Zack Snyder (de 300 Watchmen), funcionando como uma sequência de Superman – O Homem de Aço. O elenco traz Ben Affleck (Batman/Bruce Wayne), Henry Cavill (Superman/Clark Kent), Amy Adams (Lois Lane),  Jesse Eisenberg (Lex Luthor), Diane Lane (Martha Kent), Laurence Fishburne (Perry White), Jeremy Irons (Alfred Pennyworth), Gal Gadot (Diana Prince/ Mulher-Maravilha), Tao Okamoto (Mercy Graves), Holly Hunter (senadora Finch), Callan Mulvey (rumores dizem que fará Anatoli Kanyazev, o KGBesta) e Scoot McNairy (papel não revelado); e a participação especial de Jason Mamoa (Orin/ Aquaman). Rumores também dão papeis a Jena Malone (Barbara Gordon) e Eli Snyder (Robin/ Jason Todd). O lançamento será em 25 de março de 2016.

Abraços

Dakir Larara

Fonte: HQ Rock


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Tim Vickery: Minha primeira geladeira e por que o Brasil de hoje lembra a Inglaterra dos anos 60

Compartilho uma leitura que fiz esses dias e que achei muito interessante. Creio que ela sintetiza um pouco o momento do nosso país, através da visão de um estrangeiro, já radicado no Brasil faz algum tempo. Espero que gostem.

Por Tim Vickery*

Texto na íntegra em http://www.bbc.com/portuguese/noticias/2015/11/151110_tim_vickery_geladeira_brasil_rb

Na minha infância, nossa família nunca teve carro ou telefone, e lembro a vida sem geladeira, televisão ou máquina de lavar. Mas eram apenas limitações, e não o medo e a pobreza que marcaram o início da vida dos meus pais.

Tive saúde e escolas dignas e de graça, um bairro novo e verde nos arredores de Londres, um apartamento com aluguel a preço popular – tudo fornecido pelo Estado. E tive oportunidades inéditas. Fui o primeiro da minha família a fazer faculdade, uma possibilidade além dos horizontes de gerações anteriores. E não era de graça. Melhor ainda, o Estado me bancava.

Olhando para trás, fica fácil identificar esse período como uma época de ouro. O curioso é que, quando lemos os jornais dessa época, a impressão é outra. Crise aqui, crise lá, turbulência econômica, política e de relações exteriores. Talvez isso revele um pouco a natureza do jornalismo, sempre procurando mazelas. É preciso dar um passo para trás das manchetes para ganhar perspectiva.

Será que, em parte, isso também se aplica ao Brasil de 2015?

Não tenho dúvidas de que o país é hoje melhor do que quando cheguei aqui, 21 anos atrás. A estabilidade relativa da moeda, o acesso ao crédito, a ampliação das oportunidades e as manchetes de crise – tudo me faz lembrar um pouco da Inglaterra da minha infância.

Por lá, a arquitetura das novas oportunidades foi construída pelo governo do Partido Trabalhista nos anos depois da Segunda Guerra (1945-55). E o Partido Conservador governou nos primeiros anos da expansão do consumo popular (1955-64). Eles contavam com um primeiro-ministro hábil e carismático, Harold Macmillan, que, em 1957, inventou a frase emblemática da época: “nunca foi tão bom para você” (“you’ve never had it so good”, em inglês).

É a versão britânica do “nunca antes na história desse país”. Impressionante, por sinal, como o discurso de Macmillan trazia quase as mesmas palavras, comemorando um “estado de prosperidade como nunca tivemos na história deste país” (“a state of prosperity such as we have never had in the history of this country”, em inglês).

Macmillan, “Supermac” na mídia, era inteligente o suficiente para saber que uma ação gera uma reação. Sentia na pele que setores da classe média, base de apoio principal de seu partido, ficaram incomodados com a ascensão popular.

Em 1958, em meio a greves e negociações com os sindicatos, notou “a raiva da classe média” e temeu uma “luta de classes”. Quatro anos mais tarde, com o seu partido indo mal nas pesquisas, ele interpretou o desempenho como resultado da “revolta da classe média e da classe média baixa”, que se ressentiam da intensa melhora das condições de vida dos mais pobres ou da chamada “classe trabalhadora” (“working class”, em inglês) na Inglaterra.

Em outras palavras, parte da crise política que ele enfrentava foi vista como um protesto contra o próprio progresso que o país tinha alcançado entre os mais pobres.

Mais uma vez, eu faço a pergunta – será que isso também se aplica ao Brasil de 2015?

Alguns anos atrás, encontrei um conterrâneo em uma pousada no litoral carioca. Ele, já senhor de idade, trabalhava como corretor da bolsa de valores. Me contou que saiu da Inglaterra no início da década de 70, revoltado porque a classe operária estava ganhando demais.

No Brasil semifeudal, achou o seu paraíso. Cortei a conversa, com vontade de vomitar. Como ele podia achar que suas atividades valessem mais do que as de trabalhadores em setores menos “nobres”? Me despedi do elemento com a mesquinha esperança de que um assalto pudesse mudar sua maneira de pensar a distribuição de renda.

Mais tarde, de cabeça fria, tentei entender. Ele crescera em uma ordem social que estava sendo ameaçada, e fugiu para um lugar onde as suas ultrapassadas certezas continuavam intactas.

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Agora, não preciso nem fazer a pergunta. Posso fazer uma afirmação. Essa história se aplica perfeitamente ao Brasil de 2015. Tem muita gente por aqui com sentimentos parecidos. No fim das contas, estamos falando de uma sociedade com uma noção muito enraizada de hierarquia, onde, de uma maneira ainda leve e superficial, a ordem social está passando por transformações. Óbvio que isso vai gerar uma reação.

No cenário atual, sobram motivos para protestar. Um Estado ineficiente, um modelo econômico míope sofrendo desgaste, burocracia insana, corrupção generalizada, incentivada por um sistema político onde governabilidade se negocia.

A revolta contra tudo isso se sente na onda de protestos. Mas tem um outro fator muito mais nocivo que inegavelmente também faz parte dos protestos: uma reação contra o progresso popular. Há vozes estridentes incomodadas com o fato de que, agora, tem que dividir certos espaços (aeroportos, faculdades) com pessoas de origem mais humilde. Firme e forte é a mentalidade do: “de que adianta ir a Paris para cruzar com o meu porteiro?”.

Harold Macmillan, décadas atrás, teve que administrar o mesmo sentimento elitista de seus seguidores. Mas, apesar das manchetes alarmistas da época, foi mais fácil para ele. Há mais riscos e volatilidade neste lado do Atlântico. Uma crise prolongada ameaça, inclusive, anular algumas das conquistas dos últimos anos. Consumo não é tudo, mas tem seu valor. Sei por experiência própria que a primeira geladeira a gente nunca esquece.

*Tim Vickery é colunista da BBC Brasil e formado em História e Política pela Universidade de Warwick

Abraços

Dakir Larara